tag:blogger.com,1999:blog-31345153801759404922024-02-19T10:01:23.749-03:00Blog do Bira GordoOpiniões e memórias sobre a BahiaBira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-79720557065700676752013-01-03T12:37:00.003-03:002013-01-03T12:42:31.511-03:00Nota de Falecimento<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A Fundação Pedro Calmon / SecultBA informa o
falecimento nesta manhã, 03 de janeiro, do historiador e professor da
Universidade Federal da Bahia, Ubiratan Castro de Araújo, que estava internado,
há dois meses, no Hospital Espanhol, em Salvador, em decorrência de uma
infecção que se agravou nos últimos dias. Ubiratan Castro de Araújo tinha 64
anos, era renal crônico, e deixa a viúva Maria da Glória, dois filhos (Felipe e
Bárbara) e dois netos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O velório será hoje (quinta-feira, 03) às 14h no
Palácio da Aclamação (Campo Grande), o corpo será cremado amanhã (sexta-feira,
04) às 10h no Cemitério Jardim da Saudade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>Breve biografia: </b>Nascido em Salvador, em 22 de
dezembro de 1948, Professor Doutor Ubiratan Castro de Araújo exercia, desde
2007, o cargo de diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, unidade da Secretaria
de Cultura do Governo da Bahia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Doutor em História pela Université Paris IV-Sorbonne,
Mestre em História pela Université Paris X-Nanterre, Licenciado em história
pela Universidade Católica do Salvador e Bacharel em Direito pela Universidade
Federal da Bahia. É membro da Academia de Letras da Bahia, onde ocupa a cadeira
33, cujo patrono é o poeta abolicionista Castro Alves.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É professor da Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas da Ufba. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba
(CEAO), presidente do Conselho para o Desenvolvimento das Comunidades Negras de
Salvador (CDCN) e é Irmão Professo da Venerada Ordem do Rosário de Nossa
Senhora dos Homens Pretos a Portas do Carmo, localizada na Igreja do Rosário
dos Pretos no Largo do Pelourinho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da
Silva (entre 2003 e 2006), Ubiratan Castro de Araújo trabalhou com o ministro
da Cultura, Gilberto Gil, presidindo a Fundação Cultural Palmares. Desde 2007,
integra o Governo Jaques Wagner, sendo diretor-geral da Fundação Pedro Calmon,
unidade da Secretaria Estadual de Cultura.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Entre os prêmios e títulos que recebeu, destacam-se: a
Medalha do Bicentenário da Restauração Portuguesa da Academia Portuguesa de
História, o Troféu Clementina de Jesus da União dos Negros pela Igualdade
(Unegro), a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara Municipal de Salvador e, a
mais recente, a Comenda da Ordem Rio Branco, condecoração oferecida pelo
Ministério das Relações Exteriores do Brasil. É autor dos livros: A Guerra da
Bahia, Salvador Era Assim - Memórias da Cidade, Sete Histórias de Negro, o
primeiro trabalho ficcional do autor e Histórias de Negro (versão ampliada).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Maiores informações: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assessoria de Comunicação</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fundação Pedro Calmon - FPC/SecultBa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tels: (71) 3116-6918 / 6919</span></div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-13467216026814350922012-10-07T12:37:00.000-03:002012-10-07T12:37:00.362-03:00RADICALISMO E DESENVOLVIMENTO<div style="text-align: right;"><b>Ubiratan Castro de Araújo</b></div><br />
Nos idos tempos de minha juventude, o radicalismo político era indiscutivelmente vermelho, nas suas várias tonalidades; do rubro encarnado do livrinho de pensamentos do presidente Mao até o rosa choque da social-democracia. As velhas tias baianas desenvolveram uma sábia teoria, pela qual comunismo era como surto de sarampo. Era normal na infância e muito perigoso na maturidade! Hoje, o radicalismo mudou de cor. Ele é indiscutivelmente verde, em todas as suas tonalidades; do verde-oliva dos defensores da floresta, ao verde-musgo dos defensores das águas, até o verde claro dos defensores do ar puro e do clima fresco. <br />
<br />
Para que meus amigos verdes não fiquem verdes de raiva, devemos reconhecer que o radicalismo é da natureza dos movimentos sociais. Cada movimento existe em função de uma pauta específica, focada em uma questão que assegura a legitimidade e a militância de todos os seus simpatizantes. Por isso os movimentos sociais são sempre maximalistas. Assim é que os governos são de partidos políticos e não de movimentos sociais. <br />
<br />
O mais grave é que os radicalismos nunca andam sós. Ao lado do verde infantil, anda o saudosismo senil. Nós todos, pós-sexagenários, sentimos bater em nossas mentes a saudade de nossa própria juventude. “No meu tempo tudo era melhor”. Ai que saudade tenho da Estância Hidromineral de Dias D’Ávila, veraneio de toda a minha infância. Nunca mais os banhos das milagrosas lamas preta e branca, nunca mais a cata de mangaba nos tabuleiros… ai que saudade! Mas nem por isso pretendo destruir o Polo Petroquímico, principal atividade industrial da Bahia. Esta patologia tem hoje um sintoma: a saudade da Itaparica do meu avô! Como diz o povo, amor que fica é amor de Itaparica! <br />
<br />
A mais recente manifestação deste encontro de radicalismos é a oposição apaixonada ao projeto de construção da ponte Salvador-Itaparica. Este não é um projeto rodoviário isolado. Ele faz parte de todo um planejamento do Estado da Bahia para a reativação da Baía de Todos os Santos e seu entorno, o Recôncavo Baiano. Esta baía nunca foi um local bucólico de contemplação e sim um local de trabalho produtivo! O desafio do presente é a restauração do desenvolvimento articulado de toda a baía, com indústria naval, interligação de estradas com o sistema de portos e expansão da indústria automobilística e do Polo Petroquímico. <br />
<br />
A baía bucólica é o triste resultado das mudanças econômicas dos anos 60, com o funcionamento da Rio-Bahia e com a implantação da economia do petróleo, que produziram um Recôncavo desenvolvido, chamado Região Metropolitana de Salvador, e um Recôncavo abandonado, chamado de Histórico. Nestes espaços abandonados, ficou uma população pobre, os nativos, sem acesso aos serviços de saúde, educação, sem emprego e sem rendas, indigentes das migalhas dos ricos veranistas e turistas do Recôncavo desenvolvido, que durante algumas semanas no ano, iam descansar as vistas com a pobreza alheia. Na Baía do século XXI, tanto nativos quanto veranistas tem o mesmo direito de acesso aos benefícios do desenvolvimento, pois são todos cidadãos baianos. <br />
<br />
O grande remédio contra os radicalismos é a prática da democracia. Que todos os interessados sejam ouvidos! Que se defina a justa medida da preservação da cidade de Itaparica, cidade histórica e estância hidromineral, de modo a protegê-la dos impactos negativos da desfiguração urbana e da implacável especulação imobiliária. Queremos todos que a cidade de Itaparica continue a produzir milagres com a sua “água fina, que faz velha virar menina”. <br />
<br />
<br />
<br />
<b>*Ubiratan Castro de Araújo</b> – Historiador e membro da Academia de Letras da BahiaBira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-31332354573462078062012-09-21T12:28:00.000-03:002012-09-21T12:28:00.084-03:00Visitante Indesejado (Conto do livro Sete Histórias de Negro- I)<div style="text-align: right;">Ubiratan Castro de Araújo </div><br />
As rezas eram uma folia. A novena de São Roque da Tia Do Carmo rivalizava-se com a trezena de SAnto Antônio da Tia Nininha. Cada noite de reza tinha um padrinho que financiava o mingau. Tia Do Carmo era viciosamente prmissiva. Antes mesmo da reza, ela liberava generosos canecos de mungunzá para a garotada. Tia Nininha era, em oposição, opressivamente mandona. No Santantônio dela, quem não berrasse com fé: -Glo-ri-ô-ôso Sant-an-tant-tô-nio, não tinha direito a mingau. <br />
<br />
Depois da reza, tias, parentas e vizinhas, se reuniam para o salutar exercício de resenha da vida alheia. Elas cortavam, costuravam e bordavam desventuras, fraquezas e malfeitos de amigos e de inimigos. Só os presentes escapavam, esquanto aí estivessem. Para não serem entendidas, ou mesmo por pudor e superstição, usavam palavras e expressões estranhas ao nosso vocabulário. Ao invés de “botar chifre no marido”, elas falavam “serrar as canelas”. Por isso, todas as vezes que eu entrava na casa do vizinho, ficava olhando para as canelas dele, intrigado com a falta de cicatrizes. Dos frescos, dizia-se que eram “falsos ao corpo”. Os órgãos sexuais tinham nomes diferentes. O feminino era conhecido como “a perseguida” e o aparelho masculino completo era denominado de “berloques de São Brás”. <br />
<br />
Quando uma sobrinha grávida entrava na roda, todas riam muito e exclamavam: <br />
<br />
– Menina, comeu feijão azedo! <br />
<br />
A assembléia do DIVA ( Departamento de Investigação da Vida Alheia) ficava triste, quando o assunto era a visita de Bernardo à caasa de um parente ou conhecido. <br />
<br />
– Bernardo está na casa de fulano há três dias. <br />
<br />
Todas tremiam. <br />
<br />
Bernardo era o substitutitvo da palavra que não se podia pronunciar: fome. Este era o grande terror de todas as famílias. Ela era epidêmica, como na crise de 1929. Ela era sazonal, no tempo do paradeiro, meses em que não se exportava cacau em Salvador. Ela era terrível em momentos de doença e morte nas famílias. <br />
<br />
Bernardo também andava mancomunado com os maus procedimentos. Maridos cachaceiros, que se desempregavam para cair na gandaia, deixavam a família aos cuidados do Bernardo. Homens mulheristas, espécies de mulherengos militantes, gastavam o dinheiro com as raparigas e não levavam pra casa senão seus próprios “berloques”. Nestes casos, algumas não se continham e saía o palavrão: <br />
<br />
– Pica pura dá gastura! <br />
<br />
Alguns casos mereciam atenção especial. As frequentes viitas de Bernardo à casa do Tio Bené eram o motivo de debates apaixonados. Esta era a principal bandeira de luta do temido PCC, o Partido Contra Cunhadas. A culpada de tudo era Vilma, coitada. Era uma mulher muito educada, muito atenciosa com todos, mas chegada a dindinha, ou seja, preguiçosa. Ela, a cunhada, tinha transformado o valoroso ex-sargento do Corpo de Bombeiros. Ela o obrigou a dar baixa da Bomba, porque chorava o tempo inteiro, com medo que o seu amado se acidentasse em algum incêndio. Tudo fingimento, diziam as militantes do PCC. O que as cunhadas não podiam esconder era o grande carinho que um demonstrava pelo outro. Eles formavam um belo casal. Ambos de boa altura, de pele bem escura e lustrosa, cabelo preto, bem liso como o dos cabolcos, eram da qualidade que o povo chama de Cabo Verde. Mas nem isso escapava da língua das cunhadas. <br />
<br />
–De que adianta tanto amor sem responsabilidade? <br />
<br />
-Fizeram 10 filhos que não podem criar. <br />
<br />
–E, mais a mais, Bené não se compreende que é preto–dizia a feroz tia Nininha. Pensa que está em Roliúde pra viver de romance…. <br />
<br />
Depois de trabalhar com a sogra, em uma barraca de comida, no Mercado Modelo, tio Bené voltou a viver do seu ofício de carpinteiro, trabalhando em domicílio. Levantava cumieiras, consertava móveis, repregava assoalhos e escadas. Sua fraqueza era a clientela. Trabalhava para um público pobre e de renda instável. Recebia muitos calotes e os fregueses demoravam de pagar. Esta incerteza o tornava um cliente indesejado para os agiotas. A única salvação eram as irmãs. <br />
<br />
De vez em quando aparecia uma prima, meio excitada e muito envergonhada, chamava minha mãe no canto, e murmurava: <br />
<br />
– Tia, Bernardo está lá, há dois dias. <br />
<br />
Essa notícias colocava a família em xeque. Como descobrir sobra em um orçamento tão regrado e todo comprometido? A solução mais frequente era a gavetinha da máquina Singer. Parecia mesmo que a única utilidade das costurinhas que minha mãe fazia era socorrer os irmãos. <br />
<br />
Aquelas visitas dóiam muito. Havia um sentimento de revolta e solidariedade com os queridos primos, que não podia se manifestar por meio de nenhum gesto ou atitude pública. Afinal, os vizinhos não deviam perceber nada. Aquilo era um segredo de família. Ficava também, um sentimento de culpa. Porque eu era tão gordo e os meus primos recebiam tantas visitas de Bernardo?<br />
<br />
<br />
<b>Ubiratan Castro de Araújo</b> é doutor em História, membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) e diretor da Fundação Pedro CalmonBira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-37207331787285878202012-09-10T18:03:00.000-03:002012-09-10T18:03:09.754-03:00Senado da Câmara de SalvadorUma das boas novidades da eleição 2012 em Salvador é apresentação de algumas candidaturas inesperadas à vereança. Uma delas é a do <b>Dr. FRANCISCO WALDIR PIRES</b>. Seu estado de saúde é admirável. No mercado de usados seria um Mercedes lindão que só foi, e continua sendo, cuidado por mulher. Aliás, por mulheres admiráveis. É portador do mais completo currículo político do Estado da Bahia. Desde 1950 até hoje exerceu cargos públicos, eletivos e de confiança, inclusive governador do Estado da Bahia. Este homem, com currículo de senador, apresenta-se humildemente a um cargo habitualmente reivindicado por principiantes: vereador de Salvador! <br />
<br />
Declaro para quem interessar possa que mais uma vez votarei em Dr. Waldir. Vota-se em quem se admira e Dr. Waldir continua merecendo a minha admiração. Até 2003, ele era para mim o herói anti-carlista. Em 2003 o conheci em Brasília como ministro-chefe da Corregedoria Geral da União do Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele constituiu certamente o mais eficiente grupo de ação governamental contra a corrupção desta República, formado pelo atual Jorge Hage Sobrinho e pelo Dr. Navarro de Brito Filho. Eles puseram em marcha o mais amplo, eficiente, o mais democrático sistema de detecção de erros e dolos na gestão dos dinheiros público, em todos os municípios e estados brasileiros. Dou um depoimento pessoal: o apoio da CGU foi fundamental para a correção das ações da Fundação Cultural Palmares do Minc, sob minha administração (2003-2006). <br />
<br />
No momento da crise do chamado “mensalão”, a importância do velho ministro foi fundamental. Todos nós, jovens militantes do PT, pela primeira vez no exercício de cargos púbicos em Brasília, éramos presa fácil do golpe congressual. Éramos tangidos por telefone, nas filas do mercado. Alguns queriam rasgar a carteirinha do PT, outros chegaram a encaminhar uma volta derrotada para seus municípios. Resistimos porque D. Waldir nos reuniu a todos, falou de sua história da luta contra a corrupção desde o tempo do Lacerda com o IBAD e de toda as pressões golpistas contra Getúlio, Juscelino e Jango. Desesperar jamais. Era preciso trabalhar e defender Lula do golpe. Naquele tempo, Dr. Waldir foi o grande professor. Fico feliz pelos jovens vereadores do PT que terão a oportunidade de aprender a boa política nesta legislatura, lado a lado com Waldir Pires. <br />
<br />
Entendo também que Dr. Waldir nesta legislatura municipal é uma presença estratégica de um intelectual e político de trânsito internacional no “staff” diretivo da cidade. Aqui estarão lideranças intelectuais, políticas, culturais e empresariais que demandarão um diálogo qualificado com a Cidade da Bahia. <br />
<br />
Compartilho esta minha decisão de voto com todos os companheiros, pois acredito que para a construção de uma nova Bahia, precisamos da experiência, da ética, da solidez tranqüila de um sábio, de um Velho Baiano no secular Paço da Câmara da Cidade do Salvador, na Baía de Todos os Santos. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5AdcyblXaphvjl_0U1DMeaVSLat5O1haBvzudKRwwcgpkYRPz7rlIV2KiquQiihyMVBMOuXhYvdY_WEpMfnkv_E8ERya7KfovsmO1gC3opW7ImTMDYoYg3GYAF0RD4PqH2JnSZ5AC7OI/s1600/waldir_ubiratan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5AdcyblXaphvjl_0U1DMeaVSLat5O1haBvzudKRwwcgpkYRPz7rlIV2KiquQiihyMVBMOuXhYvdY_WEpMfnkv_E8ERya7KfovsmO1gC3opW7ImTMDYoYg3GYAF0RD4PqH2JnSZ5AC7OI/s400/waldir_ubiratan.jpg" width="400" /></a></div><div><br />
<br />
<div style="text-align: right;"><b>Ubiratan Castro de Araújo</b> </div><div style="text-align: right;"><i>Doutor em História pela Universidade de Paris-Sorbonne </i></div><div style="text-align: right;"><i>Da Academia de Letras da Bahia </i></div><div style="text-align: right;"><i>Eleitor de Francisco Waldir Pires</i></div></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-86561924176001951132012-09-04T11:38:00.000-03:002012-09-04T11:38:10.944-03:00POR UMA REFORMA CONSTITUCIONAL<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><b>Publicado no jornal A Tarde, edição de 04 de setembro de 2012 (Editoria Opinião, pág. 3)</b></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;">Após 24 anos de vigência da nossa Constituição, já temos visibilidade de algumas reformas necessárias. Há impropriedades relativas à própria organização do estado que urge resolvê-las.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Uma delas é o federalismo brasileiro. Nossa tradição e nossas leis são fortemente imperiais e unitárias. O pacto federativo serve apenas para acomodar as elites regionais. O resultado é a desigualdade da qualidade de serviços prestados aos cidadãos comuns do Brasil. O caso mais gritante é o da segurança pública, definida como competência dos estados-membros. Somente o Distrito Federal e os estado de São Paulo e Rio têm condições de investimento e manutenção minimamente apropriados. Entendemos que os repasses de recursos através de transferências e fundos são largamente insuficientes para prover as necessidades estaduais. Para piorar, entra em ação a demagogia política. Recentemente, o Congresso Federal deliberou a implantação de um piso salarial unificado para todo o Brasil, referenciado pelos estados mais ricos. Não deu outra: os estados mais pobres não tiveram como honrar uma decisão federal e passaram a sofrer uma pressão irresistível para pagar proventos bem acima de sua capacidade. Todos vimos como esse conflito manifestou-se na greve dos policiais na Bahia, com graves transtornos para a população e com o comprometimento da governabilidade no estado. O correto seria a nacionalização da Segurança Pública. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> Outro ponto fraco de nosso federalismo é a repartição das competências na educação nacional. A fórmula ensino fundamental municipal, ensino secundário estadual e ensino superior federal está ultrapassada. Os três níveis de ensino são igualmente importantes para a formação do cidadão brasileiro, mas as capacidades financeiras das esferas da federação são desproporcionais. O mercado privado de educação mostra esta realidade sem a menor hipocrisia. A mensalidade de uma escolinha maternal é mais cara do que a maioria das faculdades particulares. Os municípios, mesmo os metropolitanos, são largamente deficientes para assumirem a pré-escola e o ensino primário. O que salva as aparências são as transferências federais, os recursos do FNDE. Quando tudo dá certo é uma política federal de sucesso. Quando dá errado a culpa é dos prefeitos. O insucesso do ensino público estadual é reconhecido por lei. As políticas afirmativas reconhecem que o cidadão brasileiro que foi educado na escola pública é incapaz de concorrer com o brasileiro rico que pode pagar o ensino privado. Para compensar esta desigualdade, muito justamente o executivo e o legislativo apoiam as reservas de vagas, ou cotas, nas universidades para os egressos da escola pública. Sempre estive na 1ª fila dos que defendem as políticas de cotas, mas não nego que sinto muita tristeza ao lembrar o que foram colégios públicos como o Instituto Normal Isaías <span style="text-transform: uppercase;">A</span>lves e o Colégio Estadual da Bahia-Central onde me formei nos anos 50/60. Ao invés de coordenar a difamação do governador do estado, o prof. Rui da APLB deveria lutar para remover essa mácula de um péssimo ensino público que desqualifica os professores sob sua liderança. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Acredito que uma corajosa reforma constitucional resolveria estes problemas. Vivi sete anos na França. Vi funcionar a Escola Republicana, unificada nacionalmente, exclusiva, tal como foi implantada pelo grande educador Jules Ferry. Cada cidadão francês formado pela escola pública tem uma chance de competição em um concurso. Esta escola pública é um contrapeso às desigualdades geradas pelas diferenças de talento individual, de família e de classe social. O Brasil necessita de uma escola pública que opere pela igualdade dos cidadãos. Que tenham o mesmo ponto de partida os meninos da Amazônia e os meninos dos Pampas. Só o governo federal pode implantar esta escola republicana. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Há recursos, sim! Os royalties da exploração do Pré-sal são federais, a serem usados pelo Governo da República para o atendimento ao povo brasileiro e nunca como um troco da politicagem rateado entre Governadores e prefeitos.<span style="display: none; mso-hide: all;">á recursoH</span> Eu acredito na escola republicana. Para tanto, é preciso reconstruir a própria República no Brasil, através de reformas constitucionais. </div><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><i>Ubiratan Castro de Araújo<o:p></o:p></i></div><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><i>Da Academia e Letras da Bahia</i><span style="font-family: Georgia;"><o:p></o:p></span></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-40932742441371372122012-08-27T11:37:00.000-03:002012-08-27T11:37:00.046-03:00NOVOS REIS, NOVO CARNAVAL<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><a href="http://lattes.cnpq.br/8569819376934550" target="_blank">Ubiratan Castro deAraújo</a> (*)</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><br />
No ano de 2008, meu amigo Clarindo Silva foi escolhido Rei Momo. A celeuma foi grande. Um rei momo magro, onde já se viu? Em 2009, o escolhido foi Gerônimo que, apesar de gordinho, nada tem do modelito Ferreirinha: indolente, beberrão e comilão. <br />
<br />
Este ano, o novo rei é Pepeu Gomes, um elétrico guitarrista. Estas escolhas marcam a ruptura do carnaval baiano com Baco e suas bacanais. Os novos reis devem ser ativos, produtivos e performáticos. <br />
<br />
Esta mudança corresponde às mudanças que, ano a ano, viraram o carnaval de ponta a cabeça. Os carnavais de minha infância eram realmente janelas de alegria e de descontração que se abriam em um quotidiano regulado por uma moralidade religiosa e por todos os freios do conservadorismo. <br />
<br />
Imaginem que naquele tempo era impensável um homem ou menino usar roupas coloridas, camisa estampada ou qualquer peça cor de rosa. Certamente ele seria agredido nas ruas com adjetivos nada gentis: fresco, florzinha, Florípedes. <br />
<br />
No carnaval valia tudo, tudo era fantasia, com máscara ou sem máscara. Valia até sair travestido de mulher, e mesmo de “nigrinha”. <br />
<br />
A liberação dos costumes permitiu que, o ano inteiro, as meninas saíssem da janela e fossem a luta no entre-e-sai e no esfrega-esfrega. <br />
<br />
Até na música o carnaval era a salvação. O ano todo ouvia-se Cauby cantando algum drama comovente, tal como “ Conceição” ou com “Tarde fria, sinto frio na alma”. Só no carnaval podia-se ouvir o “Índio quer apito”, a “lambretinha” e a “mulata bossa nova”. <br />
<br />
Não leiam mais Bakhtin, o carnaval não é mais a inversão da ordem. O carnaval ganhou e na Bahia é a ordem o ano inteiro! Longe de sumir no quotidiano, o carnaval é a cerimônia frenética e em tempo integral para a celebração da nova ordem. O Olodum tem razão: “Olodum tá hippie, tá pop, tá reggae, tá rock. Olodum pirou de vez!”. <br />
<br />
No nosso novo carnaval, Eros expulsou Baco. Em vez de contestar a quaresma católica e afrontar a quarta-feira de cinzas (quase ninguém se lembra dela), o carnaval é o espaço para se vivenciar a saúde, a vitalidade, o prazer do corpo, o que os antigos gregos chamavam de Erótica. <br />
<br />
Nesta nova ordem, os mais velhos são rigorosamente excluídos; ou vão para Pelourinho, ou chegam até um protegido camarote, ou ficam em casa assistindo pela TVE. Para nós, o carnaval é o voyeurismo; o prazer de ver os jovens gozarem! <br />
<br />
Nesse novo carnaval, o rei Momo deve representar esta vitalidade erótica. Que Exu proteja Pepeu para que ele represente dignamente o seu papel!<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">*Ubiratan Castro de Araújo – historiador e membro da Academia de Letras da Bahia</div><div class="MsoNormal">Artigo publicado pelo jornal A Tarde no dia 15 de fevereiro de 2010. </div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-30028392503963418652012-08-16T16:32:00.000-03:002012-08-16T16:32:54.432-03:00Jorge Amado, um Testemunho de Leitura <br />
<br />
<br />
Uma obra fundadora de identidade e reveladora do protagonismo histórico de um povo, o povo baiano, deve ser analisada sob vários pontos de vista. Não sou especialista em produção literária, portanto não comentarei a escrita de Jorge Amado. Como cidadão comum, leitor de Jorge Amado, sinto a oportunidade de dar um depoimento sobre a leitura de minha vida, que se juntará às justas homenagens da Bahia ao seu romancista. <br />
<br />
A análise da produção literária não dá conta da avaliação da pertinência cultural de uma obra. A escrita tem a sua historicidade, os seus condicionamentos psicológicos, os seus paradigmas narrativos e estéticos. No entanto, o autor não tem o controle de sua obra após a publicação. Lembro-me da sabedoria de menino empinador de arraias. Dizíamos com convicção: <br />
<br />
<blockquote class="tr_bq"> -Arraia no ar é passarinho! Ou seja, qualquer um pode pegar. </blockquote><br />
A leitura tem também a sua historicidade e seus condicionamentos. Mais grave ainda quando há evidentes conflitos entre a escrita e a leitura de uma obra. Uma obra universalista como a de Jorge Amado permite leituras variadas, às vezes conflitantes e rebeladas contra o escritor. Não podemos também esquecer o aparecimento de surtos de uma patologia de nossa civilização, um regicídio virulento que tem vitimado pessoas que atingem grandes índices de exposição na mídia e gozam de grande prestígio e admiração nas sociedades. A casuística é farta, Da Imperatriz Sissi, a John Lenon, muitas foram as vítimas. Porque não Jorge Amado? Afinal é chic criticar Jorge Amado. <br />
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Lembro dos meus distantes 15 anos, aluno do Central que se preparava para o vestibular. Em plena ditadura, o acesso aos grupinhos que estudavam o marxismo-leninismo era uma verdadeira aventura. Dentre outros desafios estava o de ler conceitos teóricos saídos da filosofia e da sociologia (descoberta do curso colegial). Trazia na minha bagagem de ginasiano o gosto pela história e pela literatura. Como entender realmente a “luta das classes”, “o proletariado”, “a classe operária revolucionária”? Ler Jorge Amado foi a minha valia. Ali estavam em carne e osso os conceitos dos manuais. O povo baiano era um exemplo do proletariado explorado. Eram os lavradores de Ilhéus abatidos em tocaias pelos coronéis latifundiários, eram os pobres urbanos discriminados e abandonados: pescadores, negros, meninos de rua, bêbados e prostitutas. No interior deles, os operários e sindicalistas, organizados pelo movimento comunista internacional, davam o sentido revolucionário às lutas do povo. Os personagens amadianos eram os portadores desses conceitos sociológicos. Balduíno foi o meu grande herói. Menino negro, órfão, criado por um babalaô-Jubiabá, boxeur e freqüentador do brega, era também um estivador sindicalista, grevista e comunista. Aí eu entendi o conceito lucaksiano de classe em si e classe para si. Negro do candomblé era o pertencimento histórico de Baldo ao proletariado baiano. Grevista estivador era o seu pertencimento à classe trabalhadora revolucionária. Afinal dizia Jorge: -A greve é a festa do povo! <br />
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Ao fim dos anos 50 e início dos anos 60 um terremoto abalou a militância comunista em todo o mundo. A revisão do estalinismo e a revelação dos seus crimes no 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética provocou uma debandada, principalmente de intelectuais que buscavam no socialismo a materialização de um ideal de justiça social e de igualdade e não apenas o exercício do poder. Jorge Amado foi um deles. E a sua escrita mudou. Ficou descomprometida, fútil ou de direita como afirmam alguns dos seus detratores? Eu não li isso em Jorge Amado. <br />
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Os tempos mudaram e minha leitura também. Minha geração operou uma ruptura majoritária com o estalinismo, generalizaram-se as descontências e as dissidências, que terminaram por reduzir à insignificância o velho Partidão brasileiro. Motivos não faltaram: a invasão da Hungria, o esmagamento da primavera de Praga, a universalização do Maio de 68 francês. Deixei de buscar na leitura de Jorge Amado a historicidade das lutas das classes. Passei a buscar a complexidade das lutas do povo, considerado em seus particularismos e na sua diversidade cultural e política. <br />
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É como se os vários segmentos proletários experimentassem sua emancipação da ditadura operária. Quincas Berro d’água não precisa mais de um estivador revolucionário para dar sentido à rebeldia do seu “lumpenproletariado” do Pelô. As mulheres saem da escravidão da família burguesa patriarcal para exercerem a sua liberdade sexual, profissional e humana. Nunca mais uma mulher amadiana, destruída pelo conservadorismo, jogada no meretrício, precisaria de um Baldo revolucionário para lhe criar o órfão. Agora, Gabriela aprendera a monitorar o seu querido corninho turco, Dona Flor se dava ao luxo de gozar com dois maridos e Tieta do Agreste se soltava como prostituta modernizadora. <br />
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Outra imprecisão dos críticos de Jorge Amado é a confusão entre a sua aposentadoria da militância comunista, que aliás foi completa (profissionalismo, clandestinidade, prisão, exílio) e a possível conivência do escritor com a ditadura militar, representada na Bahia por Antonio Carlos Magalhães. Segundo a sabedoria da cantora Carla Perez, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa! Uma certa trégua entre velhos, com favores recíprocos e respeitos recíprocos não caracterizam cooptação ou traição. (Este é um conceito pejorativo que anda em moda ultimamente). Para mim, não diminui em nada minha admiração pelo revolucionário cubano Fidel Castro, amigo do então governador da Bahia ACM. São coisas de velhos que nós devemos respeitar. O importante é que não me lembro de nenhum texto amadiano de apoio à ditadura. Às vezes um autor atira no que viu e mata o que não viu. No seu despretencioso livro Farda, fardão e Camisola de dormir, Amado analisa e ridiculariza a tentativa da ditadura do Estado Novo (1937) de implantar um acadêmico biônico na Academia Brasileira de Letras. Parecia que ele estava escrevendo para toda uma geração, que enfrentava em 1976 a ação nefasta das ASI- Assessorias de Segurança e Informação, sempre dirigidas por um coronel aposentado, que nas Universidades formavam a lista negra dos subversivos e impediam qualquer candidatura destas ao magistério superior. Para mim e para outros que compunham estas listas, foi preciso toda a habilidade e conspiração receitada por Jorge. <br />
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É nos anos 70 que a escrita de Jorge Amado e a minha leitura dão um salto significativo. A sinergia entre a escrita de Jorge Amado e a minha leitura foi perfeita. O intelectual orgânico do movimento comunista passa a assumir o papel de intelectual orgânico do movimento negro do candomblé. A virada se dá no romance Tenda dos Milagres. A cultura negra do candomblé sempre esteve presente na obra amadiana, como integrante do naipe dos explorados e perseguidos. Neste romance, Jorge Amado participa do surgimento do Movimento Negro Unificado que busca a autonomia programática e operacional do movimento contra o racismo e pela reparação da população negra das seqüelas da escravidão. Neste romance ele dá vida a um personagem que passa a ser um paradigma do movimento negro: o Oju Obá Pedro Archanjo. Se Balduíno foi o primeiro herói negro de nossa literatura, do candomblé, foi acima de tudo um socialista e sindicalista, Pedro Archanjo foi um herói negro autônomo, dedicado exclusivamente à luta contra o racismo e portador de todo um conhecimento religioso, histórico, sociológico e antropológico obtido dentro do Candomblé, pelo mecanismo próprio da iniciação. <br />
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Quando exerci a direção do CEAO/UFBA (1999-2003), A luta mais difícil e mais radical que enfrentei foi contra a vetusta congregação da Faculdade de Medicina da UFBA. Eles insistiam em expulsar do prédio da velha faculdade no Terreiro de Jesus o Museu Afro-Brasileiro, administrado pelo CEAO, uma criação do babalaô acadêmico Pierre Verger. O verdadeiro líder de todos eles era o egun do Prof. Nilo Argolo que buscava uma revanche contra Pedro Archanjo. Rejeitavam tudo que havia no Museu. Eram peças vindas de África, da Europa e da Bahia. Para eles era tudo lixo. A pressão já estava em um grau insustentável. Eles marcaram uma reunião conjunta entre a Congregação da Medicina e o CEAO, na qual provavelmente se resolveria a questão. Eu tremi nas bases. Do nosso lado, somente eu, diretor, tinha uma titulação completa. Era licenciado, era bacharel, era mestre e doutor, mas era sozinho. Do lado deles certamente estariam uns dez doutores, ex-diretores, gente de poder. Por um momento pensei em ser um Pedro Archanjo. Faltava-me legitimidade. O meu conhecimento era da mesma natureza do deles. Era um simples 10 X 1. Reli a Tenda. Tive o bom senso de fazer uma romaria para a Senzala do Barro Preto para pedir socorro a um verdadeiro Pedro Archanjo, Antonio Jorge dos Santos, o Vovô do Ilê Ayê, Obá de todos nós. Não deu outra. Quando os doutos da congregação, todos fardados de jaleco, com um estetoscópio pendurado no pescoço, mesmo os aposentados, me viram entrar com Vovô, eles tremeram nas bases. Vovô foi perfeito, um verdadeiro Oju Obá. Educado, cerimonioso, falando com toda a autoridade de um líder negro, rebateu com energia os argumentos dos médicos. Após isso, eles nunca mais nos ameaçaram. O personagem de Jorge Amado vive! <br />
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Este depoimento é para materializar a minha convicção de que Jorge Amado é merecedor de todas as homenagens do povo da Bahia. <div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i><span style="font-family: Georgia; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Ubiratan Castro de Araújo</span></i></div><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i><span style="font-family: Georgia; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Da Academia de Letras da Bahia<span style="text-transform: uppercase;"></span></span></i></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-37032910938307336982012-08-16T12:30:00.000-03:002012-08-16T16:25:21.092-03:00Visitante Indesejado(Conto do Livro Sete Histórias de Negro-II)<div style="text-align: right;"><b>Ubiratan Castro de Araújo</b></div><br />
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Outro caso doloroso era o da Tia Zefinha. Nossa tia-avó tinha mais de 80 anos, a mais velha da família. Ela era magrinha, de cabelos lisos e grisalhos, penteados em uma rodilha presa por longos grampos, atrás da cabeça. Exímia costureira, tinha o dom de transformar roupa velha em roupa nova. Costurava para fora, mas também costurava em domicílio. Por força de sua profissão, passava longas temproadas nas casas das brancas da Barra. Justiça seja feita, ela sempre foi fascinada pela Casa Grande. Nascida ainda no tempo da escravidão, absorveu todos os preconceitos contra os negros. Ela discriminava ostensivamente as irmãs, sobrinhas e sobrinhos netos de pele mais escura. <br />
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Racismo à parte, era uma velhinha fascinante. Viúva sem filhos, desenvolveu a arte de contar histórias da carochinha e histórias do tempo antigo, o tempo da escravidão. A pequena loja de subsolo em que morava, na Rua do Desterro, era um verdadeiro baú de preciosidades. Para as meninas, as grande tentações eram as caixinhas de costura, muito arrumadinhas, delicadamente enfeitadas, cheias de miudezas. Também faziam sucesso as antigas revistas de moda, em sua maioria francesas, com fotos de manequinas e “debuxos” de vestidos. Par aos meninos, a paixão eram livros de contos de fadas e a fabulosa coleção dos fascículos de uma revista chamada Eu Sei Tudo, tradução brasileira da Que Sais-je? Ela também guardava uma coleção completa do Tesouro da Juventude. <br />
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Era uma velha sábia. Mesmo asism Bernardo a perseguia. Desde a morte de seu marido, o marceneiro João Guarani, criou uma relação de clientela com uma família da Barra. Pssava dias e mais dias remontando, encurtando e ajustando velhas roupas a novas modas e a novos corpos. O pagamento variava sempre em função da sorte do dono da casa, no jogo. Segundo O DIVA, a casa dele vivia sempre aberta à jogatina. Até a honra da filha foi jogada na mesa do carteado. Apesar de tudo, nunca lhe faltou o sustento, nem a pose de rico. Para Tia Josefina, faltava. <br />
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Muito orgulhosa, ela jamais pedia nada, apenas recolhia-se à sua casinha. Os parentes procuravam visitá-la com frequência para detectar os sinais da visita de Bernardo. De vez em quando, ela era sequetrada por algum sobrinho, para a alegria das crianças. Quando menos se esperava, ela fugia, sempre alegando o chamado de sua vasta freguesia. Um outro caso provocava uma verdadeira guerra fria na assembléia feminina, as simpatizantes dos russos comunistas contra as fascinadas habituês do cinema americano. <br />
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João da Cruz era um grnade militante sindicalista, membro filiado e dirigente do Partido Comunista. Era um negro alto, cabelo cortado à escovinha. Orador de verve tão empolgante quanto o Padre Sadoc, se admitirmos a verdade sociológica que Stalin representava para um o que Jesus Cristo representava para o outro. Estava sempre à frente da greves do sindicato e dos comícios e pichações de paredes organizadas pelo Partido. Nos anos da Aliança Nacional Libertadora, era o intrépido lançador de galinhas pintadas de verde nos comícios dos integralistas. Por sua militância, era um homem marcado pelo Dops e conhecido de todos os secretas do bairro. <br />
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A segurança para tanto arrojo era a certeza que o Partido cuidava do sustento e do bem estar de sua mulher e de sua filha, nas eventualidades de prisão ou de cladestinidade. Pois bem, essa não era a experiência de sua mulher Alzira e de sua filha Olga. <br />
<br />
Lá um dia, João da Cruz sumiu de casa. Isto aconteceu logo depois do bate-boca entre Juraci e Prestes no Congresso Nacional. O presidente Dutra aproveitou a oportunidade para cassar o registro do Partido Cominista. Iniciava-se um novo ciclo de perseguições, que incidiram imediatamente sobre João, que era muito visado. Logo no primeira dia, apareceu um companheiro de partido, de codinome Berto. Disse que fora designado para dar assistência à família de João. Falou, falou, falou. Para não perder a viagem, foi logo dando uma entradas meio ousadas para o lado de Alzira, que o repeliu na tampa. <br />
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– Onde já se viu? Procurar ousadia com a mulher de um revolucionário! Não sou eu que vou dar o pretexto a nenhum burguês reacionário chamar meu marido de corno! <br />
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– Que é isso camarada! Você entendeu mal. E nunca mais apareceu. <br />
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Também os vizinhos e conhecidos se afataram, com medo de ficarem visados. Os investigadores de política, conhecidos como secretas, vigiavam permanentemente a casa, de tal forma que mãe e filha se sentiam em prisão domiciliar. <br />
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Um visitante conseguia furar o bloqueio policial: Bernardo. Nos três primeiros dias, acabaram-se o feijão, a farinha e a carne do sertão. sobrou um pouco de café e um saco demilho-alho, bom de fazer pipoca. E durante sete dias elas tomaram chafé com pipoca. Olguinha choramingava muito. <br />
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– Atotô, meu pai Omolu, não me abandone! <br />
<br />
Em um sábado de manhã, bateram na porta. Era Pezão, filho de Abigail, a irmã mais velha de Alzira. Tinha vindo da feira de São MIguel, onde comprara os aviamentos para uma obrigção de orixá. Ele foi logo comentando: <br />
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- Cadê Tio João? Não estou gostando nada da cara de vocês. Vocês estão de Bernardo? <br />
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As duas não disseram nem que sim, nem que não. Sorrindo sem jeito, não escondiam a vergonha. <br />
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Pezão foi embora muito constrangido. Lá pelas 4 horas da tarde, ele apareceu de novo. <br />
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– Minha mãe está precisando de ajuda, pra festa de Omolu. Ela sabe que Tio João não gosta de Candomblé, mas ele nem está aí, não é? Olhe, minha tia, lá na roça não tem luxo não. É comida braba. Tem o Sobe-e-desce! É água, carne de sertão, quiabo e abóbora, subiu, desceu, comeu! <br />
<br />
Olguinha riu muito. Alzira juntou os panos, pegaram o bonde do Retiro e deixaram Bernardo sozinho em casa. <br />
<br />
Na minha infância, nunca tive medo de diabo nem de inferno. Medo mesmo era de Bernardo. Por isto, saía das rezas muito confiante e vitorioso. Afinal, quando o francês São Roque se juntava com o nagô Omolu, botavam o tal Bernardo pra correr.<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><b>Ubiratan Castro de Araújo é doutor em História, membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) e diretor da Fundação Pedro Calmon</b>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-70377575005032271252012-08-14T11:04:00.000-03:002012-08-14T11:04:00.188-03:00Projeto de futuro<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><a href="http://lattes.cnpq.br/8569819376934550" target="_blank"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ubiratan Castro de Araújo</span></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><br />
Filho separado de pai, quebrando as linhagens que identificavam as etnias e nações; filha separada de mãe, destruindo as famílias que consolidavam as solidariedades grupais: esta foi a tragédia que se abateu sobre os povos africanos. Desde meados do século XV até meados do século XIX, mais de 20 milhões de homens e mulheres foram arrancados da África e mais de 12 milhões chegaram às Américas. Acorrentados, vendidos como mercadorias (peças), jogados na máquina infernal dos engenhos e plantações, com seu trabalho, com a sua inteligência, com as suas culturas, eles construíram o Novo Mundo. Os muitos milhões de seus descendentes formam hoje esta Nova África desterrada que nós chamamos de Diáspora Africana. <br />
<br />
Os que ficaram na Velha África suportaram durante mais de um século a dominação colonial européia, que explorou as suas forças, que sugou as suas riquezas naturais, que aboliu suas independências e liberdades. <br />
<br />
Durante meio milênio, os africanos e seus descendentes em todo o mundo estiveram subordinados à expansão e desenvolvimento de um capitalismo mundializado, com sede na Europa, para a afirmação de uma pretensa superioridade da civilização ocidental. Resistentes em toda a parte, durante todo o tempo, contra a escravidão, contra o colonialismo, contra o racismo, contra as desigualdades socioeconômicas em cada país e contra as desigualdades impostas nas relações internacionais, este mundo africano levantou-se contra todas as formas de opressão. <br />
<br />
Grandes são os desafios que se impõem à II Conferência dos Intelectuais da África e da Diáspora, que se realiza em Salvador, entre 12 a 15 deste mês. No âmbito da Conferência e do Fórum de Diálogos, intelectuais e líderes políticos discutirão os temas da Diáspora e do Renascimento Africano, e produzirão uma Carta de Salvador, na qual estarão indicadas as diretrizes de uma política internacional capaz de tornar prioritário o desenvolvimento social e econômico de africanos e de afrodescendentes em todo o mundo. <br />
<br />
A força de nossa aliança está em nossa herança cultural comum. Para cultivar nossas identidades, várias atividades culturais estarão sendo realizadas nestes dias, em toda a cidade. Serão exposições, espetáculos de música, de dança, de teatro, lançamento de livros, mostras de filmes, feiras e degustações das delícias de nossa culinária. <br />
<br />
Unidos pela nossa ancestralidade comum, solidários no presente e referenciados por um projeto de futuro, certamente poderemos estimular a formação de uma opinião pública internacional africana e construir uma nova parceria pela igualdade e pelo desenvolvimento, capaz de estabelecer uma interlocução eficaz com os demais blocos e agrupamentos que gerem interesses dos países que se definem como ricos, predominantemente brancos. Deste modo, contribuiremos efetivamente para uma ordem internacional fundada no respeito a todos os povos, na diversidade cultural com igualdade e na repartição eqüitativa de todos os bens materiais e imateriais produzidos pela humanidade.<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-51370520098575702132012-08-06T11:03:00.000-03:002012-08-06T11:03:00.268-03:00Valeu Zumbi<!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:DontVertAlignCellWithSp/> <w:DontBreakConstrainedForcedTables/> <w:DontVertAlignInTxbx/> <w:Word11KerningPairs/> <w:CachedColBalance/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
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</div><div class="MsoNormal">Quando, há muitos anos atrás, uma grande caravana do movimento negro baiano, tendo à frente Mãe Hilda do Jitolu e Vovô do Ilê Aiyê, subiu a Serra da Barriga, em Alagoas, o 20 de novembro estava consagrado como data de celebração da consciência negra. Em 1695, o Quilombo dos Palmares fora destruído e o seu líder, Zumbi, morto e decapitado. Passava para a história o símbolo maior de um dirigente político negro que lutou até o último suspiro contra a escravidão. Ganga Zumba, seu antecessor, acreditou na possibilidade de uma negociação justa com as autoridades coloniais. A paz de Ganga era a derrota do quilombo. Ele desceu a serra com os seus seguidores, colocou-se na beira da praia sob a tutela dos senhores de escravos, e renunciou à luta contra a escravidão, entregando aos senhores os escravos recentemente liberados no quilombo e recusando-se a aceitar qualquer outro fugitivo. Seu destino foi triste. Faminto, re-escravizado, traído, Ganga Zumba morreu.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Zumbi disse não! Reuniu todos os mocambos, fortificou a sede de Palmares e preparou a resistência ao governo da Capitania de Pernambuco. Alguns militantes e historiadores como Joel Rufino dos Santos, se perguntam porque Zumbi e o povo de Palmares resolveram abandonar a velha tática de guerrilhas, pela qual há cem anos- desde 1595 ?circularam em uma rede de mocambos precários que, uma vez destruídos por ataques dos escravistas, rapidamente se refaziam adiante e continuavam a luta? Porque Zumbi preferiu a guerra de posição: fincou pé na Serra da Barriga, fortificou-se e resolveu enfrentar cara a cara o inimigo? Os palmarinos tinham clareza da superioridade militar do inimigo, reunificados após a expulsão dos holandeses, vitoriosos na reconquista de Angola aos holandeses e na destruição do reino cristão do Congo na batalha de Ambuíla. Se assim era, fincar pé em Palmares era morte certa, era suicídio. Hoje, mais de trezentos anos depois a resposta é evidente: naquele tempo era possível ter esperança. Ousar luta,ousar vencer, porque não?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O que cabe a nós, cidadãos e historiadores de hoje, é a pergunta: o que havia de tão valioso que justificava a ousadia temerária daqueles palmarinos? A mesma pergunta pode ser feita em relação aos Malês da Bahia. Porque, ao invés de fazerem mais um levante para sair da escravidão, como os mais de dez que o precederam na Cidade do Salvador, resolveram fazer uma revolução escrava ? A leitura atenta da obra de João José Reis mostra que os Malês tinham consciência que era preciso conquistar a Cidade do Salvador, abolir a escravidão, inverter as hierarquias sociais, para enfim poderem viver plenamente o Islã em liberdade. No caso de Palmares, há evidências que os quilombolas entenderam que era o momento de parar de fugir e assegurar a consolidação de uma cidade-estado em que fosse possível a vida em liberdade.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para melhor compreendermos essa opção política, é preciso ver em Palmares muito mais do que um refúgio de escravos. Ao longo de cem anos de resistência, os palmarinos construíram um território amplo, formado por vários mocambos ligados em rede. Várias foram as gerações nascidas em Palmares, fora da escravidão. Eles formaram um povo palmarino, sem o trauma da derrota originária da escravização em África e sem a vivência da escravidão no Brasil. Desenvolveram ao longo dos anos a capacidade de absorção e de re-culturação dos fugitivos da escravidão, negros e índios, além dos brancos excluídos da sociedade açucareira. A guerra permanente contra a escravidão soldava a solidariedade do povo em torno de uma identidade quilombola.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Além de território, povo e identidade, desenvolveu-se em Palmares um modelo de economia auto-sustentável, regulada por instituições sociais de justiça e de governo. Portanto, estava em curso um processo de formação de um estado nacional multi-étnico, fundado na cooperação do trabalho livre e organizado a partir das referências culturais africanas. Esta foi a primeira formulação de um projeto de estado nacional brasileiro, em um momento em que a sociedade colonial portuguesa, mesmo após a vitória de Guararapes contra os holandeses, estava inteiramente empenhada na reconquista da África e na reconstrução do Império Atlântico Português.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Zumbi fincou pé em Palmares e aceitou a guerra de posição para defender a possibilidade de um Brasil livre, liderado pelos africanos. Este foi o verdadeiro sonho de Zumbi, que valia o sacrifício e valeu a experiência como legado histórico para as lutas contemporâneas do povo brasileiro. O exemplo de Zumbi é vivo, hoje, não pelo aspecto guerreiro, mas pelo aspecto político. Afinal sabemos todos que a guerra é uma dimensão terminal da política. Os milhares de quilombos que se organizaram nos duzentos anos seguintes, resistiram e enfraqueceram a escravidão, mas nenhum deles conseguiu formular um projeto de estado e de sociedade alternativos à monarquia escravista. O movimento abolicionista, a partir dos anos sessenta do século XIX, conseguiu mobilizar a mais ampla frente popular contra a escravidão, mas não produziu nenhum projeto político, social e econômico para o pós-escravidão. Isto se demonstra em nossa História pela inteira desarticulação do negro brasileiro no dia seguinte ao Treze de Maio. Sem projeto de sociedade, ficou dilacerado entre o projeto do Terceiro Reinado da gratidão à princesa e o projeto da República dos grandes fazendeiros. O negro brasileiro foi esmagado pelo imigracionismo e pela exclusão política e social, perdeu todos os aliados da véspera, virou um sub-cidadão.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Hoje, no momento em que o movimento negro brasileiro alcança vitórias importantes e o governo da República incorpora de uma maneira sincera o compromisso com a igualdade racial, não podemos esquecer o exemplo de Zumbi. Não basta lutar contra o racismo e contra a exclusão social através de múltiplas políticas de ações afirmativas. É preciso construir um modelo político e econômico para o Brasil, que consagre e igualdade racial como componente central da democracia. Como em Palmares, não basta lutar contra a desigualdade. Devemos construir o sonho da liberdade, o estado feliz do não abatimento, segundo os revolucionários negros da Bahia em 1798. Este é o sonho palmarino de um país de todos os brasileiros.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Valeu Zumbi !</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-7332855112080674932012-07-26T10:53:00.002-03:002012-07-26T10:53:00.523-03:00CONEXÃO ATLÂNTICA: HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><a href="http://www.blogger.com/goog_77810691">Ubiratan Castro de Araújo</a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>RESUMO</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para compreender o processo permanente de elaboração da identidade negra neste país africano da Bahia, é necessário, sobretudo, não esquecer o cordão umbilical pelo qual os baianos acreditam estar ligados à África. Ao longo da história, depois do tempo da escravidão, este mito fundador dos negros da Bahia se adapta, se transforma, muda suas máscaras e seus hábitos para desempenhar o papel mágico de uma espantalho que afasta a tentação, aliás sempre proposta pelas elites brancas, de aceitar a idéia segundo a qual os negros brasileiros seriam um simples produto da sociedade escravista luso-tropical. Para esses negros da Bahia, é necessário estabelecer suas raízes antes e fora da escravidão. Assim, o tempo e o lugar da liberdade original não podem estar dentro do Brasil. Utopia, anacronismo, pouco importa, esse refugio da herança cultural da escravidão é o núcleo duro da identidade negra baiana. Esta utopia identitária fundamenta-se em uma constante evocação e reelaboração da das matrizes culturais africanas, o que só é possível graças às comunidades religiosas do Candomblé, verdadeiros arquivos da memória africana na Bahia.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Palavras-chave:</b> Identidade negra – Cidadania negra – Memória e História Afro-Brasileira</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><span lang="EN-US">ABSTRACT</span></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-US">To understand the permanent process of elaboration of the Afrodescendant identity in this African country of Bahia, it is necessary, above all, not to forget the umbilical cord through which Bahians believe to be connected to África. Along history, after the slavery times, this founder myth of the Afro-descendants of Bahia adapts, transforms, changes its masks and its habits to perform the magic role of a scarecrow that keeps away the templation, always proposed by the white elite, of accepting the idea according to which the Brazilian Afro-descendants would be a simple product of the slaving Portuguese/Brazilian-tropical society. For these afro-descendants of Bahia, it is necessary to estabilish their roots before and outside slavery. This way, the time and place of original freedom can not be inside Brazil. Utopia, anachronism, it does not matter much, this refugee of the cultural heritage of slavery is the hard nucleus of the Bahian Afro-descendant identity. This identifying utopia bases itself on a constant evocation and re-elaboration of the African cultural matrixes, what is only possible thanks to the religious communities of Candomblé, true archives of the African memory in Bahia.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-US"><b>Key words:</b> Afro-descendant Identity – Afro-descendant Citizenship – Afro-Brazilian Memory and History</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>A utopia africana</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para compreender o processo permanente de elaboração da identidade negra neste país africano da Bahia, é necessário, sobretudo, não esquecer o cordão umbilical pelo qual os baianos acreditam estar ligados à África. Ao longo da história, depois do tempo da escravidão, este mito fundador dos negros da Bahia se adapta, se transforma, muda suas máscaras e seus hábitos para desempenhar o papel mágico de um espantalho que afasta a tentação, aliás sempre proposta pelas elites brancas, de aceitar a idéia segundo a qual os negros brasileiros seriam um simples produto da sociedade escravista luso-tropical. Para esses negros da Bahia, é necessário estabelecer suas raízes antes e fora da escravidão. Assim, o tempo e o lugar da liberdade original não podem estar dentro do Brasil. Utopia, anacronismo, pouco importa, esse refúgio da herança cultural da escravidão é o núcleo duro da identidade negra baiana. 1</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Essas tentações são especialmente apresentadas durante as conjunturas de mudança acelerada dos termos de integração do Brasil em uma economia mundial, durante as quais foram registradas algumas medidas importantes para a modernização da sociedade brasileira e, por conseqüência, das relações raciais no país. Entretanto, o fracasso de todas as sinceras tentativas de desenvolvimento das novas identidades negras nessas conjunturas de modernização explica o retorno dos movimentos de afirmação do negro à tradição africana, tal como ela é preservada dentro das comunidades religiosas.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Os Nagôs e os Sabinos: a formação do Estado Nacional Brasileiro</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Por volta do fim do século XVIII, no início do século XIX, o Ocidente foi sacudido pela primeira vaga de revoluções liberais, desencadeadas pela independência dos Estados Unidos da América, pela Revolução Francesa, pela Revolução dos Negros do Haiti, e pelas Revoluções produzidas pela expansão napoleônica na Europa, e pelo desmoronamento do Império de Portugal. Dentro desse novo momento da mudialização, fundado sobre o ?livre comércio? e sobre a universalização dos direitos do homem, dois desafios se apresentaram para a sociedade escravista brasileira: o fim do pacto colonial com a metrópole portuguesa e o fim do tráfico de escravos africanos.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No que diz respeito ao primeiro desafio, foi necessário às elites coloniais formarem um estado independente, com novas instituições, com uma ideologia nacional e com novos critérios de enquadramento dos povos habitantes do território do novo estado americano. Dentro dessa nova nação, quem seriam os brasileiros? As minorias de ?brancos portugueses e de brancos da terra? ao lado da maioria de escravos africanos, escravos crioulos, de pretos e pardos libertos e livres? Um novo regime político, ainda que exaltando um liberalismo semeado por todos os lugares, seria capaz de aceitar a universalização dos direitos de cidadania em benefício das pessoas de cor? A Revolução Francesa, ela mesma, não foi capaz de aceitar as reivindicações de Vicent Ogé para o alargamento dos direitos de cidadania para os negros de São Domingos – esta é a origem da Revolução Negra Haitiana. Da mesma maneira no Brasil, os independentes tiveram necessidade de pessoas de cor para carregar os fuzis, mas não os incorporaram como negros cidadãos.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Neste quadro muito estreito de escolha, as populações negras da Bahia se dividiram em dois movimentos. Os negros nascidos no Brasil, chamados na época de crioulos – libertos, escravos e negros livres – escolheram o caminho da participação no processo de formação do estado nacional, reclamando para eles uma nova identidade nacional, assim como na América Espanhola, sob o impulso do movimento bolivariano. Segundo o barão de Aramaré, um general baiano, estes negros eram pessoas sem pátria, que desejavam fazer um a seu modo, contra aquela dos descendentes dos portugueses, verdadeiros brasileiros. Esta massa crioula constituiu a base armada das revoltas e dos levantes populares, desde a Revolução dos Búzios, em 1798, até 1838, por ocasião do aniquilamento da revolução federalista chamada Sabinada. O saldo dessa participação política foi muito negativo: a manutenção da escravidão negra, a exclusão política pela adoção do voto censitário e o reforço da discriminação contra os negros segundo o critério da cor da pele. Em lugar de uma república liberal, eles viram se afirmar um Império Brasileiro escravista. Abatidos, humilhados, esses negros brasileiros fracasssaram nos seus propósitos de afirmação de uma identidade brasileira plena, a seu modo.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Os negros nascidos na África, escravos e libertos, rechaçados por todos, brancos e negros brasileiros, foram estimulados a empreender várias revoluções escravas. De 1811 até 1835, por ocasião do levante dos africanos islamizados chamados de Malês, suas esperanças foram renovadas. Para esses revolucionários, não estava em questão a criação de um novo Estado Americano mas, simplesmente, a superação do estatuto da escravidão e a colocação, em seu lugar, de um estado negro fundado sobre as tradições africanas. Derrotados como os outros, eles guardaram ao menos a honra do bom combatente. A propósito desses combatentes, foi formado o mito da resistência africana, com um forte apelo identitário.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>A Abolição e a República</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No final do século XIX, tempo do cientificismo e do imperialismo, as elites brasileiras propuseram, mais uma vez, a modernização da sociedade brasileira. O Brasil era o último país escravista do Ocidente e a única monarquia na América. Era necessário então abolir a escravidão e proclamar a república. E os negros brasileiros, que pensavam eles? Abolição, sim, mas com o direito a terra e ao trabalho. República sim, mas com a ampliação dos direitos de cidadania para todos os brasileiros. Para miséria deles, foram considerados pelos republicanos positivistas como pouco civilizados para o trabalho qualificado e para a liberdade. Assim, o novo regime republicano brasileiro decidiu pela substituição da mão-de-obra escrava pela mão de obra livre pela via da imigração européia. No que diz respeito aos direitos de cidadania, a Constituição de 1891 decidiu pela incapacidade política da maioria negra, recentemente saída da escravidão, excluindo-os do direito ao voto sobre o pretexto do analfabetismo. Era ainda uma questão de cultura! Existiam no Brasil pessoas civilizadas e outras bárbaras. Esta república constituiu então uma espécie de colonialismo interno pelo qual os verdadeiros brasileiros seriam aqueles que guardariam, dentro da sua cultura, os traços construtivos da civilização européia.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Era o tempo de civilizar os bárbaros a tiros de fuzis. Essa nova ordem foi finalmente imposta em 1897, quando o Exército brasileiro, sob o comando da esquerda republicana, exterminou o arraial baiano de Canudos, e decapitou milhares de camponeses negros e mestiços, considerados culpados de barbarismo, resistência à modernidade, monarquismo, etc… Ainda no território do massacre, o coronel Dantas Barreto escreveu à família dizendo que ele estava impaciente para retornar à civilização – Rio de Janeiro – porque ele estava, por muito tempo, entre os Tuaregs, no deserto, de fato naquele fim de mundo que era o interior da Bahia? Depois dessa derrota, todos os movimentos negros de integração política fracassaram: os negros republicanos, a guarda negra monárquica e mesmo o Partido Operário Democrático da Bahia, dirigido por antigos negros abolicionistas.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Na experimentação de um papel colonizador, as elites brasileiras e sua republica adotaram as idéias racistas, desenvolvidas na Europa, sob o rotulo da modernidade cientifica. Produziram um sistema de representações que se dizia cientifico, no qual os negros da Bahia e suas tradições africanas foram enquadrados em uma classificação inferior enquanto raça negra africana, portadora de uma cultura selvagem, um perigo potencial à civilização. Era necessário então, segundo esses cientistas do racismo, compreender as diferenças culturais das etnias africanas representadas na Bahia, entender todos os perigos ocultos que eles poderiam aportar contra a civilização e contra a civilização e contra a ordem republicana. Esse barbarismo era muito mais perigoso porque estava disfarçado em práticas religiosas, ou em manifestações folclóricas. A Faculdade de Medicina da Bahia foi um dos centros mais prestigiados no Brasil, nos domínios da Medicina Legal, da criminologia, da Antropologia Criminal. Nessa instituição foram produzidos os critérios da racialização do povo baiano. Era o tempo da Antropologia de Nina Rodrigues.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Da teoria a pratica, o novo regime passara então a considerar toda manifestação publica da cultura negra de origem africana como uma vergonha para o Brasil civilizado. A capoeira foi então declarada como contravenção criminal, assim como a religião africana – o Candomblé. Os grupos de carnaval formados por negros, que desfilavam na rua com motivos africanos – a coroação do rei Ménelik da Ethiopia, por exemplo – foram proibidos pela policia. Não estavam em questão fazer a Bahia parecer com a África.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">É assim que os negros da Bahia, para salvar suas identidades, se refugiaram na africanidade originária. Apesar das expedições punitivas da policia, os candomblés resistiram. Apesar das dificuldades, os intelectuais negros, tal como o Prof. Martiniano Bonfim, estabeleceram contato direto com os Agoudas da Costa Ocidental Africana. A pureza africana constitui então o núcleo duro da resistência negra contra o colonialismo interno. Manoel Querino, um antigo abolicionista, desenvolve as proposições sobre o papel do ?colono negro? na formação do Brasil. Segundo ele, a honra dos negros brasileiros seria a sua africanidade, porque o colono negro tinha trazido para o Brasil todas as virtudes do trabalho, da disciplina, da sociabilidade, da espiritualidade, da força civilizatória. Os portugueses, ao contrário, aportaram para o país o resto de suas civilizações, os condenados pela justiça, a violência da conquista, a preguiça dos senhores de escravos.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>A democracia Racial.</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Depois dos anos 30 do século XX, em seguida a revolução que propôs a modernização do velho Brasil republicano, mais uma vez a questão racial estava no centro da questão nacional brasileira. Os imperativos da industrialização e o surgimento de uma nova classe operaria exigiam um novo enquadramento das classes populares no Brasil. Quem são os brasileiro? É sempre a mesma questão! Um novo paradigma, aquele da democracia racial brasileira, substitui o racismo cientifico de outrora.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Este novo choque de modernidade impôs as elites brasileiras um grande desafio: como integrar as massas dentro de um processo de desenvolvimento, sem os riscos da revolução social e fracionamento do tecido social, levando em conta a diversidade racial da população? Os dois grandes modelos propostos ao mundo, justamente após a segunda Guerra Mundial, eram, de um lado a revolução e o comunismo soviético e, do outro lado, a democracia americana, marcada pela segregação e conflitos raciais permanentes. Como então enquadrar as massas sem perder o controle? Contra o perigo revolucionário, é colocada em ação uma dinâmica social centrada sobre a mensagem de união nacional à procura do desenvolvimento econômico, sob controle do estado populista, interposto entre os burgueses e os operários para amortecer a luta de classes.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No que respeita a população negra, viu-se o estabelecimento sólido de uma ideologia nacional, em que um dos elementos constitutivos era a negação da questão racial. Este novo conceito se apoiara sob a convergência de duas fortes correntes teóricas, da direita e da esquerda. Inicialmente, o desenvolvimento do marxismo como instrumento de analise e ação política, a partir da obra de Caio Prado Jr., recolocara a questão racial no domínio da historia da escravidão colonial, nos termos da expansão do capitalismo centrado na Europa e depois nos Estados Unidos. De fato, a questão racial seria amplamente secundária, pois os descendentes dos antigos escravos são hoje os explorados sob o capitalismo contemporâneo. Do antigo sistema de exploração, restam alguns traços secundários, no domínio da cultura de fato um epifenômeno da superestrutura social. O verdadeiro problema do povo seria sua consciência de classe, o instrumento necessário para o inicio da revolução social e não as identidades fundadas sobre algumas permanências culturais. Esta tradição está enraizada no pensamento de esquerda no Brasil. É a convicção de que a questão racial e as identidades que ai decorrem são questões externas ao Brasil, uma espécie de exportação malvada ou desastrosa de um problema que não interessa senão aos Estados Unidos, e cuja evocação no Brasil somente pode acarretar o fracionamento do proletariado brasileiro.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Do lado da direita, a obra de Gilberto Freyre lança as bases da negação da questão racial no Brasil pela afirmação da democracia racial contemporânea, resultado histórico da adaptação da sociedade patriarcal portuguesa aos trópicos. A apologia da mestiçagem das três raças, do branco, do índio e do negro foi tomada como ideologia de estado para demonstrar e desenvolvimento harmônico do povo brasileiro, um ?povo novo? dentro da versão contemporânea apresentada por Darci Ribeiro. Segundo Gilberto Freyre, estava se estabelecendo no Brasil um tipo ?meta racial? denominado ?moreno?. Uma vez que não havia uma prática de segregação de raças como nos Estados Unidos, a questão racial não aparecia na classificação dos problemas brasileiros. O racismo seria então uma questão americana, e os brasileiros, em seu subdesenvolvimento, deveriam ser muito orgulhosos de terem superado um problema que sempre constrange os ricos americanos.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para os movimentos negros brasileiros, o grande obstáculo à formação das identidades negras, autônomas e anti-racistas, foi a deportação da questão racial do imaginário brasileiro. Racismo era coisa de estrangeiro, de americano. Diz-se hoje que o pior do racismo brasileiro é crer e fazer crer que não existe racismo no Brasil. Em um cenário contemporâneo de mundialização da cultura e da informação, em que se tornam possíveis as trocas entre vários movimentos negros no mundo, este obstáculo não chega a ser superado. Apesar do surgimento e da estabilização de novas identidades e de práticas sociais formadas dentro destes contatos, do panafricanismo, do black power, do reggae, do hip hop, tudo termina sendo reduzido a uma escala de efêmeros acontecimentos da moda internacional, igualmente estrangeiros em relação ao Brasil.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O único refúgio dos movimentos negros na Bahia para a afirmação de sua identidade, para além da sua herança da sociedade escravista da Bahia, é a tradição africana, guardada com cuidado pelas comunidades religiosas do candomblé. Ninguém ousa dizer que o candomblé, cada um cultivando suas raízes africanas específicas ? suas nações, seja estrangeiro na Bahia. Isto explica o fato de que, desde a experiência política e cultural de Edison Carneiro sob a ditadura do Estado Novo em 1937, até os movimentos de esquerda negra contemporânea, inspirados por ?aggiornamientos? à la Gramsci e Thompson, todos esses marxistas negros procuram dentro do candomblé o relicário de sua identidades ancestrais. Esta co-habitação necessária entre o materialismo e o camdomblé produziu a deliciosa excentricidade cultura que Jorge Amado chamava ?materialismo? mágico.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>Os suportes materiais da Utopia</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Assim, ao longo da historia do Brasil independente, as comunidades formadas por homens e mulheres muito pobres, colocados em regiões negras nos subúrbios da cidade, todos submetidos ao peso do racismo, foram capazes de constituir um lugar da memória africana. Como isto foi possível? Os que crêem respondem logo em seguida: é o poder dos Orixás!. Os menos crentes estão sempre em condição de afirmar que as características das religiões africanas. Fundadas sobre os cultos dos ancestrais, têm necessidade guardar na memória coletiva toda a ambiência cultural originaria, sem a qual os orixás não teriam sentido. Isto explica o empenho dessas comunidades na preservação das tradições africanas, da língua Yorubá e da recusa à nacionalização do candomblé, tal como ocorreu com a Umbanda.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">As razões religiosas, somente, não explicam totalmente o fenômeno da preservação da memória africana. O Candomblé, como aliás as outras tradições, foi atacado por todos os choques da modernidade, e também obrigado a toda sorte de adaptação para assegurar a solidariedade interna nas comunidades. Teve igualmente que estabelecer as negociações e as trocas com ?os outros?, os clientes, os que procuram no Candomblé socorros e cuidados materiais e espirituais. Como fazer para impedir que as adaptações sucessivas não resultem em um tipo de deformação da tradição originária e, por conseqüência, o enfraquecimento desses lugares de memória, sés e bastiões de nossa identidade negra baiana?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ao longo dos anos, as pessoas do camdomblé desenvolveram estratégias para assegurar a sobrevivência das comunidades e, ao mesmo tempo, para a consolidação desse corpus de memória. Antes de mais nada, era necessário manter o contato permanente com a ?fonte?, com o fundamento, com a África. Durante a escravidão, assim como a aranha, o tráfico transatlântico de escravos teceu sua teia de conexões entre as duas bordas do Atlântico, um verdadeiro e complexos territórios de terras e de águas pelo qual circularam homens e mulheres, com seus bens, seus poderes e seus saberes. Este foi o fluxo e refluxo da Bahia para o Golfo de Benin, de que nos falou Pierre Verger, que ocorreu por meio do transporte de pessoas. Isso tornou possível um sistema de circulação de mercadorias, compreendendo os produtos utilizados nos rituais, como também a circulação de religiosos? Yialorixás, babalorixás e babalôs.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Este vai-e-vem sobre o Atlântico nutriu a tradição religiosa e, por conseqüência, assegurou o fluxo de informações políticas e culturais entre a África e a Bahia. As revoltas africanas do início do século XIX determinaram a chegada, na Bahia, das informações sobre os movimentos sociais na África. Depois do fim do tráfico de escravos, de 1850 até 1889 a navegação na direção da costa da África quase cessou. Apesar da interdição, a antiga teia ancorou seus laços na memória efetiva dos povos sobreviventes, os afro-descendentes baianos na borda oeste e os Agudas espalhados ao longo da borda leste do Atlântico. Persistiu ainda a correspondência entre familiares e conhecidos.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No final do século XIX, a chegada da republica ao Brasil e a ocupação colonial na África impuseram o distanciamento das duas bordas do Atlântico. Alguns religiosos, como o Babalaô Martiniano Bonfim e a Yalorixá Aninha, ainda conseguiram várias vezes realizar a travessia para a Costa da África, durante a primeira metade do século XX. Apesar desses esforços heróicos, aquele foi o tempo mais difícil para a preservação da memória africana no Brasil.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Em 1959, ano da criação do Centro de Estudos Afro-Orientais na Universidade Federal da Bahia, assistiu-se ao restabelecimento das relações bilaterais entre Bahia e África, por força da ação desse encontro universitário, em quadro da diplomacia brasileira para a África. Durante uma dezena de anos, pesquisadores e professores partiram em missão nas duas bordas do Atlântico. Foi assim que os religiosos do Candomblé fizeram a descoberta de que seu modo de falar dos Yorubá, mesmo arcaico em relação àquele falado contemporaneamente na Nigéria, ainda era entendido e louvado nos cursos dados por professores da língua Yorubá no CEAO, vindos da Universidade de Ilê Ifé. Depois de 1970, mais algumas personalidades negras da Bahia tiveram sucesso na Bahia tiveram sucesso na travessia do Atlântico, graças ao apoio da UNESCO e de outros organismos internacionais.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Hoje, constatamos que as possibilidades de contatos entre as comunidades africanas e as afro-baianas, por sus próprios meios, são praticamente impossíveis diante dos custos da viagem. De outra parte, as instituições públicas, tal como a universidade, não tem êxito na constituição dos suportes materiais para assegurar a circulação de pessoas e de idéias entre os dois lados do Atlântico, de forma a realimentar a memória africana das comunidades religiosas da Bahia. Diante do perigo da desafricanização, da dissolução da memória afro referente, em uma conjuntura cultural marcada pela pressão interna para a navegação das identidades negras e da pressão externa da geléia geral globalizante, é imperioso redobrar os esforços para o restabelecimento desta conexão atlântica, condição indispensável para o fortalecimento da identidade negra baiana. É importante reconhecer também que esta conjuntura é marcada por um novo choque de modernidade, com a realização da III Conferência Mundial contra o Racismo, na África do Sul, em 2001, e pela posse de um novo governo de esquerda no Brasil. Esta será, com fé nos Orixás, uma outra história.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>REFERÊNCIAS</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">ARAÚJO, Ubiratan Castro de. 1846: um ano na rota Bahia-Lagos: negócios, negociantes outros parceiros. Afro-Ásia, Salvador, nº 21-22, p.83-110, 1998-1999.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">______. A política dos homens de cor no tempo da Independência. <span lang="EN-US">Recife:CLIO/UFPE,2001.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="EN-US">______. Sans glorie: le soldat noir sous le drapeau brésilien, 1798-1838.In:CROUZET, François (Org.). </span>Pour l´histoire du Brésil. Paris: Harmattan, 2000. p.527-540.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">AMOS, Alcione M. Afro-brasileiros no Togo: a história da família Olympio, 1882-1945. Afro-Ásia, Salvador, nº23, p.175-197,1999.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">BACELAR, Jéferson. A Frente Negra Brasileira na Bahia. Afro-Ásia, Salvador, nº17, p.73-85, 1996.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">CENTRO de Estudos Afro-Orientais da UFBA (CEAO. Encontro de Nações do Candomblé. Salvador: Ianamá/CEAO-UFBA, 1984.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil. São Paulo, SP: Brasiliense, 1982.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">MESTRE DIDI (Deoscóredes Maximiliano dos Santos). História de um Terreiro Nagô: crônica histórica. São Paulo, SP: Carthago e Forte, 1994.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. Quem eram os negros da Guiné? A origem dos africanos na Bahia. Afro-Ásia, Salvador, nº 19-20, p.37-73, 1997.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">QUERINO, Manoel. O colono preto como fator da civilização brasileira. Afro-Ásia, Salvador, nº13, p.143-158, 1980.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos Malês (1835). São Paulo, SP: Brasiliense, 1986.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">RODRIGUES, João Jorge (org.). A música do Olodum: a revelação da emoção. Salvador: Olodum, 2002.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">SOUMONNI, Elisée. Daomé e o mundo atlântico. Amsterdam: Brasil: SEPHIS:CEAA, Universidade Cândido Mendes, 2001.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">VERGER, Pierre. Fluxo e relfuxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos, dos séculos XVII a XIX. São Paulo, SP: Corrupio, 1987.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>ANEXOS</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>1</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Atrás do cordão umbelical</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Enterrado lá no Senegal</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E em toda a África negra gritando</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O Atlântico ouça um conselho</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Que se abra como o Mar Vermelho</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E a Bahia, o Olodum n´lar adentro voltando.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">REIS, Artúlio. Tambores e cores. In: RODRIGUES,</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">João Jorge (org.). A Música do Olodum: a revolução da emoção.</div><div style="text-align: right;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">Salvador: Olodum, 2002. p.153.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>2</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>A Música do Olodum – 23 anos</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">….?A poderosa música do Olodum é acima de tudo a música dos Yorubás, dos Ibos, dos Gêges, dos Ijexás, dos Kimbundos, dos Umbundos, dos Macuas, negros africanos que vieram do Golfo da Guiné, da costa dos escravos, e da baía de Luanda (Angola) em tamanha quantidade que fizeram de Salvador da Bahia a Roma Negra, a terra dos Gladiadores da Negritude. É também a música do fenômeno religiosos chamado por todo o povo de ?Olodumaré?, o nome de Deus em Yorubá, o nome da rosa, a explosão que criou o mundo, e fez os homens e as mulheres, criou a terra e o mar, o sol, e alua, separou a noite do dia, e deu-nos a capacidade de pensar, sonhar e fazer músicas.?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">(RODRIGUES, João Jorge (org.). A Música do Olodum: a revolução da emoção.</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">Salvador: Olodum, 2002).</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>3</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b>ABAIXO ASSINADO</b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Os abaixo assinados, reunidos no Axé Opô Afonjá, por ocasião das comemorações dos vinte e cinco anos de gestão de Mãe Stella de Oxossi desta comunidade religiosa, consideramos que:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Em todos os tempos, os países, os povos e as comunidades vítimas dos atos de guerras têm reclamado reparações pelos prejuízos que sofreram. Freqüentemente, suas postulações foram aceitas e obtiveram compensações materiais ou morais a título de reparação.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No caso da África, muitas vozes tem se levantado para deplorar os numerosos anos de exploração que sofreram os povos deste continente por força da escravidão, do tráfico negreiro e do colonialismo, responsáveis pela pobreza, subdesenvolvimento e desorganização social que aflige todo o continente africano.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">No caso das populações afro-descendentes em todo o mundo, e especialmente no caso da população afro-descendente brasileira, a pobreza, a discriminação racial e a exclusão social são os resultados contemporâneos do crime do tráfico e da escravidão contra ela praticado.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Por isso proclamamos o nosso direito à reparação pelos efeitos do tráfico de escravos e da escravidão, entendendo-o como um direito coletivo difuso, do qual é portador o conjunto da cidadania negra brasileira, e exigimos do Estado brasileiro:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O reconhecimento, por ato legislativo, do tráfico de escravos e da escravidão como crimes contra a humanidade.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A reparação moral dos que já sofreram, no passado, a escravidão e a discriminação racial, de modo que se institua o reconhecimento pleno da cidadania negra por todos os brasileiros.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A execução de políticas sociais de impacto imediato, com o objetivo de alterar, a curto prazo, os indicadores das desigualdades raciais no Brasil.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A implantação de programas de longa duração para erradicar os mecanismos sociais e culturais de reprodução da desigualdade racial, de modo que possam estabelecer-se, de fato, as condições iguais de competição entre brasileiros de todas as cores e de todas as tradições culturais, conforme letra e espírito da Constituição Cidadã de 1988.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para a consecução destes objetivos, reivindicamos:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A constituição de uma comissão nacional para a reparação das populações negras brasileiras, com a participação ampla das representações do Movimento Negro, da sociedade civil e da sociedade política, com estatuto de Secretaria de Estado.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A instituição de um Fundo Nacional de Reparação, cujos recursos sejam fixados por lei e representem um percentual vinculado da receita da União, dos Estados e dos Municípios, durante um período inicial de 10 anos, para o financiamento de projetos especiais de caráter reparatório.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A incorporação em todos os programas e projetos de ação governamental (União, Estados e Municípios) de prioridades e metas relativas à promoção da população negra brasileira.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">A negociação de uma convenção reparatória dos danos sofridos pelas populações negras por força do tráfico de escravos e da escravidão, de âmbito internacional, que inclua como beneficiárias as populações africanas e as populações negras da diáspora africana nas Américas. Também neste caso, deve ser proposta a criação de um Fundo Internacional de Reparação, gerido pela ONU, com o objetivo de financiar ações e projetos de promoção das populações negras. Este fundo deve atender diretamente comunidades e não governos e agências governamentais.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Somente assim, a reparação pode constituir-se em um novo pacto de convívio social, expresso por um programa completo, nacional, de longa duração, onde estejam definidos os compromissos da República Federativa do Brasil para a erradicação da desigualdade racial e do racismo no Brasil.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Salvador, 8 de junho de 2001</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-68981612909387182432012-07-20T10:42:00.002-03:002012-07-20T10:42:00.482-03:00Coleção 2 de Julho de Sílvio RobattoSe é verdade que a fotografia é a arte da luz, Silvio Robatto foi a luz das artes na Bahia do século XX. Já nasceu fotógrafo, por legítima herança do pai Robatto, festejado fotógrafo. Recebeu como dote de casamento a vivência íntima com as artes baianas através uma das mais expressivas lideranças artísticas da Bahia, a dançarina, coreógrafa e professora Lia Robatto. Por isso entendemos a preciosidade do acervo fotográfico que produziu ao longo de sua vida. Registrou e iluminou espetáculos, performances, oficinas, exposições, tanto da dança como do teatro e de outras expressões artísticas populares na Bahia. Como parte deste tesouro, há um lote de negativos com as imagens dos festejos populares do 2 de Julho. Trata-se de uma fonte iconográfica realmente indispensável para o estudo da História da Bahia. <br />
<br />
<br />
O 2 de Julho tem entrada dupla na História da Bahia. Por um lado é a celebração da vitória brasileira na guerra que assegurou a Independência e a integridade territorial do Brasil, por outro é a história da preservação da memória do dia em que o povo ganhou nas celebrações anuais do 2 de Julho. Em cada celebração anual da vitória, tendo o próprio 2 de Julho como bandeira, o povo fez história, lutando contra a carestia de gêneros, lutando contra a escravidão, proclamando as liberdades individuais, defendendo a democracia contra as várias conjunturas de tirania no Brasil. As fotos de Silvio Robatto são a fonte viva do imaginário popular baiano sobre os elementos fundantes de nossa identidade.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A divulgação da <a href="http://www.bv2dejulho.ba.gov.br/portal/index.php/exposicoes-virtuais/colecao-silvio-robatto.html">Coleção 2 de Julho de Sílvio Robatto</a> na <a href="http://www.bv2dejulho.ba.gov.br/portal/index.php">Biblioteca Virtual 2 de Julho</a> só foi possível pela gentileza de sua esposa , ex-presidente do Conselho de Cultura do Estado da Bahia, a professora Lia Robatto. Obrigado Lia. Fique certa que a Fundação Pedro Calmon/SecultBA será uma voz firme na defesa da criação de um espaço cultural dedicado ao conjunto da obra de Sílvio Robatto.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><a href="http://www.bv2dejulho.ba.gov.br/portal/index.php/exposicoes-virtuais/colecao-silvio-robatto.html">Acesse a exposição virtual</a> na <a href="http://www.bv2dejulho.ba.gov.br/portal/index.php">Biblioteca Virtual 2 de Julho</a>.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><a href="http://lattes.cnpq.br/8569819376934550">Ubiratan Castro de Araújo</a></div><div class="MsoNormal">Historiador e membro da Academia de Letras da Bahia</div><div class="MsoNormal">ubiratancastrodearaujo@gmail.com</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-49552265299879432922012-07-13T10:31:00.001-03:002012-07-16T12:46:36.830-03:00A geleia geral Soterópolis<div style="text-align: justify;">Conversando com o poeta Capinan, veio à tona o velho conceito dos tropicalistas da "geleia geral brasileira". É o Bumba-meu-boi de Gil. A mesma dança da multidão vibrante, disforme, excluída, que converge na distribuição da carne de boi virtual! É o nosso Carnaval! Na largada da campanha eleitoral municipal, três receitas se candidatam a dar outro ponto à geleia Soterópolis, que azedou sob o comando de João Henrique. A Receita do Bolinho Popular, da Pipoca e a do Vovô, todas com iguais chances de vitória. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A turma do Bolinho Popular, não sei se de estudante ou acarajé, finalmente definiu uma aliança eleitoral respeitável com a cabeça do PT e o auxílio luxuoso de uma vice do PCdoB. Nos planos federal e estadual, o PCdoB tem sido um aliado fiel do PT. Na política municipal, nem tanto. Esta era uma fraqueza das esquerdas em Salvador. As duas formações políticas têm antigas interlocuções com as massas urbanas despossuídas. Quem não se lembra do "Trabalho Conjunto", nos anos 70, na periferia de Salvador? Este movimento político levou ao Palácio Thomé de Souza Lídice da Mata, que sofreu pressão do ACM estadual e do Fernando Henrique federal. Parece que fizeram um poderoso ebó, que afastou do poder municipal esta articulação da esquerda. O PT, nascido no final da ditadura, firmouse como partido vitorioso nos planos federal e estadual, aguarda uma política municipal vitoriosa. Esta receita de bolinho tem sustança e enfrenta desafios que lhe podem ser fatais. Ela precisa, antes, arrumar o Tabuleiro da Baiana e demonstrar para a atônita geleia como o alinhamento com Dilma e Wagner pode trazer projetos que realmente mudem para melhor a vida do povo de Salvador, que tem bom gosto para bolinhos... </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Receita da Pipoca é muito apropriada à cultura baiana. No Carnaval, chamamse "pipocas" os foliões apaixonados que dançam, pulam e são espremidos fora das cordas dos blocos e trios. A política municipal produz igualmente uma multidão de pipocas, somente visível através da mídia eletrônica, especialmente nas ondas do rádio. Fora das cordas das representações políticas e sindicais, esta multidão pipoca não tem canais de comunicação efetiva com o poder municipal. Um minuto de reclamação no rádio é o único pulo possível para esta massa de munícipes diversos e desorganizados. Eles terminam por constituir os radialistas como portavozes de suas reivindicações e indignações. A cidade já teve um prefeito radialista, Fernando José, o animador que "matava a cobra e mostrava o pau". Hoje, o PMDB resolveu lançar a candidatura de um radialista de sucesso. Segundo o grande chefe de cozinha desta turma, o antropólogo Roberto Albergaria, que protestem todos, todo o tempo, desopilem o fígado e elejam quem sabe governar e já foi duas vezes prefeito da Soterópolis, há muito tempo! A maioria dos atuais leitores nem era nascida, e os remanescentes nem se lembram mais que ele foi o prefeito biônico de ACM. Se as duas outras receitas não entusiasmarem, a tentação da Pipoca midiática poderá ser vitoriosa. Por fim, há a tradicional e requentada Receita do Vovô, trazida por um jovem deputado, neto do finado ExTudo da Bahia. A volta ao passado é um remédio recorrente para desiludidos e derrotados da história. Na Bahia ainda constitui uma força considerável, posto que garante um eleitorado saudoso e cativo de 30% de votos, capaz de eleger o neto da entidade para sucessivas legislaturas. O primeiro ponto a ser considerado é a capacidade de multiplicação deste contingente de eleitores em uma conjuntura de desilusão política. A bem da verdade, o jovem deputado tem buscado modernizar as práticas do Vovô, movido pelo empenho em impedir a extinção nacional do partido que tem no seu DNA toda a história da extrema direita brasileira: Arena, PDS, PFL, DEM. Com a sua recondução ao Parlamento assegurada, nada tem a perder. Cultiva o jeito de menino prodígio, escovadinho e bonitinho, para a admiração da vereadora Léo Kret. O gosto pelo "old fashion" não deve ser negligenciado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O jogo está feito, que seja o que o povo quiser. Axé. </div><br />
<div class="MsoNormal"><a href="http://www.fpc.ba.gov.br/sites/default/files/artigo_bira0002_0.PDF">Download do artigo</a> publicado pelo jornal A Tarde - em 13 de julho, 2012.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><a href="http://lattes.cnpq.br/8569819376934550">Ubiratan Castro de Araújo</a></div><div class="MsoNormal">Historiador e membro da Academia de Letras da Bahia</div><div class="MsoNormal">ubiratancastrodearaujo@gmail.com</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-54109239465299374542012-07-02T11:42:00.002-03:002012-07-16T12:47:50.207-03:00Resgnificação do Dois de Julho, a Festa do Povo<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><a href="http://lattes.cnpq.br/8569819376934550" target="_blank">Ubiratan Castro deAraújo (*)</a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><br />
<br />
Desde a sua posse, o governador do Estado, Jaques Wagner, tem buscado a resignificação do 2 de Julho como data de referência nacional. O que esteve em disputa na Bahia foi a Independência do Brasil. A palavra-chave para entender a Guerra de Independência é Recolonização. <br />
<br />
No sentido contrário da progressiva autonomia política e econômica do Reino do Brasil, desde janeiro de 1808, com a abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional, surgiu nas Cortes – Assembleia Constituinte portuguesa – um movimento político nacionalista radical, pela regeneração do Reino de Portugal, devastado pelas guerras napoleônicas e praticamente ocupado pelas tropas britânicas, comandadas pelo Lord Beresford. <br />
<br />
As principais medidas que compunham o pacote de recolonização eram: a volta de D. João VI a Lisboa, de modo a restaurar o Reino de Portugal como metrópole do Império Português; o restabelecimento do monopólio português sobre o comércio exterior do Brasil, revogando a Abertura dos Portos de 1808; a exclusividade dos nativos de Portugal no exercício de todos os cargos públicos no Brasil, inclusive na força armada. <br />
<br />
Para este partido nacionalista português, o Brasil deveria pagar a recuperação econômica e administrativa de Portugal. E os brasileiros disseram não! <br />
<br />
A Bahia foi o cenário do afrontamento entre os dois partidos antagônicos, o da recolonização, dos portugueses, e o da Independência, dos brasileiros. <br />
<br />
A corporação comercial portuguesa na Bahia e suas matrizes em Portugal fizeram vir para a Bahia a Legião Constitucional Lusitana, sob o comando do general Inácio Madeira de Melo, que expulsou as tropas do Reino do Brasil da Cidade do Salvador em 19 de fevereiro de 1822 e assumiu, como ditador, o governo da Bahia, para impedir a independência do Brasil. <br />
<br />
A reação brasileira veio das vilas do Recôncavo baiano, que organizaram o primeiro governo independente do Brasil, na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, em 25 de junho de 1822, dois meses antes do 7 de Setembro. <br />
<br />
Para celebrar esta iniciativa dos baianos, o governo do Estado propôs à Assembleia Legislativa a transferência da capital da Bahia para a cidade da Cachoeira a cada 25 de Junho, e assim o foi desde 2008. Isto implica o reconhecimento do protagonismo do interior da Bahia na libertação da sua capital. <br />
<br />
Além do 1º Governo Provisório da Cachoeira, o Exército Brasileiro teve o seu batismo de fogo com o nome de Exército Pacificador, em Pirajá, composto por soldados de várias classes sociais, de várias cores e de variada origem regional brasileira, sob o comando do bolivariano general Pedro Labatut. <br />
<br />
Do mesmo modo, a Marinha de Guerra do Brasil arvorou pela primeira vez a Bandeira brasileira em combate, a partir de abril de 1823, com a frota de nove navios comandados pelo almirante Cochrane e a flotilha de oito escunas artilhadas comandadas pelo capitão João das Botas. <br />
<br />
Para celebrar o nascimento destas instituições nacionais, o governador incluiu nas comemorações do 2 de Julho uma cerimônia de continência à Bandeira, no Forte de São Marcelo, no dia 2 de Julho, às 14 horas, repetindo o gesto de vitória de João das Botas em 1823, bem como a homenagem à Ala Esquerda do Exército Pacificador, que entrou vitorioso no dia 2 de Julho pelo norte da cidade, estacionando no Forte de São Pedro, quando o cortejo cívico passar em frente a este tradicional bastião das tropas brasileiras. <br />
<br />
Por fim, a resignificação do 2 de Julho implica a restauração plena do protagonismo das forças populares na Guerra de Independência da Bahia. <br />
<br />
O grande símbolo do patriotismo popular é o caboclo. Para celebrar este protagonismo, a Fundação Pedro Calmon (FPC) estará ao pé do caboclo, no Campo Grande, entre os dias 3 e 5 de julho, onde desenvolve uma série de atividades culturais. <br />
<br />
No dia 5 de julho, acompanharemos todos a volta do caboclo para o seu barracão na Lapinha, o que repete o movimento de desmobilização do Exército Pacificador, no dia seguinte ao Dia em que o Povo Ganhou, quando as elites brasileiras excluíram o povo da construção do Brasil independente, impondo a monarquia e a escravidão contra a vontade popular. <br />
<br />
Este contencioso tem animado, ao longo de 186 anos, a participação dos baianos nesta festa patriótica do povo da Bahia.<br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ubiratan Castro de Araújo é membro da Academia de Letras da Bahia, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/Secult (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia)</div><div class="MsoNormal">Publicado pelo jornal A Tarde no dia 3 de julho de 2009.</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-67181570805432435372012-06-25T19:30:00.000-03:002012-06-25T19:30:53.502-03:00Maximalismo e democracia contemporâneaNo jargão político do fim do século XIX e dos começos do século XX, chamavam-se maximalistas os movimentos políticos ou sindicais que não queriam ou não podiam negociar nenhum ponto de sua pauta de reivindicações. Era o tudo ou nada. Os jornais noticiaram a revolução bolchevique de 1917 como "movimento dos maximalistas russos". Os minimalistas eram os de Kerenski. Este termo voltou à superfície nos anos 80 do século passado, já no fim da ditadura no Brasil, quando se discutia a instalação da Assembleia Nacional Constituinte. As condições políticas do País eram desesperadoras. Os vários governos militares insistiram em uma diretriz política muito clara de impedir qualquer reorganização política sob a liderança de um partido de oposição. A mão pesada do regime recaiu sobre as lideranças partidárias. O exemplo foi a destruição da direção do velho PCB, conhecido à época como o Partidão, que se opunha ferozmente a qualquer ação radical, desde 1965, que comprometesse a organização da política nas bases da legalidade.<br />
<br />
Naquela conjuntura de terra arrasada, emergiram os "movimentos sociais". Esses movimentos caracterizavamse pela pauta de reivindicações específicas ou setoriais, pela autoorganização em entidades civis não partidárias, chamadas organizações não governamentais (ONGs). Assim surgiu o movimento negro, das mulheres, dos semterra, dos semteto, dos financiados do BNH, dos ambientalistas, etc.<br />
<br />
Muitos de nós acreditamos que os movimentos sociais tinham substituído os partidos políticos na luta pela redemocratização. As universidades brasileiras dedicaram-se aos estudos e pesquisas sobre os movimentos sociais, notadamente os programas de Sociologia e Ciência Política. Entre 1986 e 1988, quando coordenei o Mestrado em Ciências Sociais da FFCH/Ufba, organizamos com sucesso uma linha de pesquisa intitulada "Estado e movimentos sociais", integrada pelos estudos sobre os movimentos de combate ao racismo, ao sexismo e à homofobia.<br />
<br />
No entanto, o debate político e acadêmico terminou por produzir o consenso de que os verdadeiros personagens da reconstrução política eram os partidos políticos e não os movimentos sociais. Constatou-se que era da natureza dos movimentos sociais o seu maximalismo. Cada movimento tinha a sua pauta máxima e nenhum deles se encarregava de compatibilizar o seu conjunto em um programa de governo, de governança possível. Para o processo da Assembleia Nacional Constituinte, firmouse o papel dos partidos políticos como as instâncias organizadoras do equilíbrio possível entre os vários segmentos particulares, em torno de macroprojetos.<br />
<br />
A Constituição Cidadã de 1988 consagra a proteção de todos os particularismos, como o são os movimentos sociais. Por outro lado, poucas são as salvaguardas para que os partidos exerçam a necessária mediação entre os governos e os movimentos sociais. Isso tem dado uma certa ilusão insurrecional aos movimentos sociais, o que foi desmedidamente reforçado no movimento "fora Collor". Isso pode trazer inegavelmente grande instabilidade a uma democracia inclusiva e redistributivista "à la Lula". Os partidos políticos que compõem as bases políticas dos governos, que participam da repartição do poder na forma de empresas públicas e secretarias, são excessivamente omissos nos casos de crise institucional, quando deveriam exercer o seu papel de mediação e do convencimento das partes dos seus limites e da perspectiva do bem comum. As principais lideranças partidárias preservamse de desgastes ou rejeições eleitorais junto aos adeptos dos movimentos sociais, e deixam o "seu governo" exposto ao desgaste. Assim foi na greve da PM, assim é na greve dos professores.<br />
<br />
Os partidos que compõem a base aliada do governo Wagner são devedores de um movimento político do "bom senso", capaz de restabelecer termos honestos de negociação. E, se os princípios da democracia contemporânea não se ajustam a este fim, retomemos o milenário princípio da equidade republicana romana: "dar a cada um o que é seu!"<br />
<br />
Ubiratan Castro de Araújo<br />
Historiador e membro da Academia de Letras da Bahia<br />
ubiratancastrodearaujo@gmail.com<br />
<br />
Publicado pelo jornal A Tarde, em 25 de junho, 2012 (pág. 3 Opinião).Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-67241481957121015022012-05-15T15:25:00.003-03:002012-05-15T15:32:35.411-03:00O Candomblé da Liberdade<div style="text-align: justify;"><blockquote class="tr_bq"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">‘O Bembé do Mercado, em Santo Amaro, tem grande significado pára a afirmação da cidadania negra no Brasil. Eliminados quaisquer traços de subserviência agradecida à princesa pela Abolição, emerge a evidência histórica da luta popular contra o cativeiro e da força da cultura afro-brasileira como propulsora da resistência do povo negro no Brasil.’</span></blockquote></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aos 14 de maio de 1888 começava uma nova luta para o povo negro de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo canavieiro da Bahia. Os ex-senhores de escravos, inconformados com a lei da abolição, proclamavam aos quatro ventos que nada havia mudado e pressionavam suas lideranças parlamentares para que a dita lei fosse revogada. Para mostrar que não estavam brincando, mobilizaram o aparelho policial da cidade para tolher os movimentos da população negra, de modo reter uma força de trabalho disponível para o trabalho, em regime de cativeiro. E assim teria sido, sem a resistência negra para fazer valer a liberdade. O movimento social pela abolição foi reativado para tirar da cadeia os que foram encarcerados a pedido dos ex-senhores, e para assegurar o direito de ir e vir de todos os ‘treze de maio’, como eram pejorativamente chamados os libertos pela lei da abolição. Deles se dizia em verso popular:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><blockquote class="tr_bq"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nasceu periquito,</span></div><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Morreu papagaio,</span></div><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não quero conversa</span></div><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com ‘treze de maio’.</span></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passado um ano de luta contra a repressão e contra a discriminação, os negros de Santo Amaro resolveram festejar em praça pública o primeiro aniversário da lei da abolição. Os barões ameaçaram e a polícia proibiu o ajuntamento de negros. Apesar de tudo e de todos, no dia 13 de maio de 1889, milhares de pessoas afluíram ao Mercado de Santo Amaro. Não se viu nenhuma parada cívica, não se ouviu nenhum discurso de agradecimento à princesa. Amparados pela força dos seus Orixás, os negros ‘bateram Candomblé’ no centro da cidade e no sábado seguinte jogaram um presente no mar em agradecimento aos Orixás. E mais, lançaram uma praga sobre a cidade: todo aquele que impedisse o Bembé (Candomblé) do Mercado sofreria um castigo exemplar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diz a tradição santamarense que, em todo esse tempo, até hoje, em apenas dois anos não se festejou o Bembé. Conta-se que, certa feita, um delegado valentão resolveu proibir o Bembé, até porque o Candomblé era perseguido em todo o Estado da Bahia. Pois bem, um mês depois a esposa dele foi vítima de um acidente automobilístico e ficou com um braço inutilizado. Na segunda ocasião em que não se fez o Bembé, uma grande enchente castigou o centro da cidade. E assim, ninguém mais ousou impedir que os negros exercessem sua liberdade de acordo com as suas tradições e sua cultura. Estava instituído o Candomblé da Liberdade. Cada ano que passa, o Bembé fica mais animado. Além do Candomblé do Treze de Maio, apresentam-se no Mercado de Santo Amaro as várias manifestações tradicionais: O Maculelê, a Capoeira, o Samba de roda, o Coça-coça, o Nego Fugido, na forma de um verdadeiro festival de cultura negra e popular.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Bembé do Mercado, em Santo Amaro, tem grande significado pára a afirmação da cidadania negra no Brasil. Eliminados quaisquer traços de subserviência agradecida à princesa pela Abolição, emerge a evidência histórica da luta popular contra o cativeiro e da força da cultura afro-brasileira como propulsora da resistência do povo negro no Brasil. Longe de ser uma excentricidade baiana, o Bembé representa uma série de manifestações populares em todo o Brasil, especialmente nas áreas rurais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que evocam a luta contra a escravidão e afirmam valores importantes da cultura afro-brasileira, tais como reisados e congos. Por tudo isso, o Treze de Maio não pode ser simplesmente apagado do calendário das lutas de libertação do povo negro brasileiro.</span></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-38817710539943640542012-05-14T17:18:00.002-03:002012-05-14T17:20:22.514-03:00Ubiratan Castro recebe o Prêmio Luis Gama<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Neste sábado, 12/05, durante o Bembé do Mercado, em Santo Amaro, ocorreu o seminário sobre os Marcos Regulatórios para a Promoção da Igualdade Racial. Entre os palestrantes: Ubiratan Castro de Araújo (Fundação Pedro Calmon), Elias Sampaio (Sepromi), Ronaldo Crispim Barros (UFRB) e Elói Araújo (Fundação Cultural Palmares/MinC), que discutiram a implementação de políticas públicas, como as ações afirmativas na educação e a regulamentação das terras quilombolas. Participaram também representantes da sociedade civil, como o professor e compositor, Jorge Portugal, ebomi Nice de Oiyá, da Casa Branca, e Pai Pote, líder religioso que coordenar a cerimônia do Bembé do Mercado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Na oportunidade, o historiador Ubiratan Castro recebeu o Prêmio Luis Gama pela sua contribuição à cultura negra. Emocionado, ele falou da importância da resistência histórica do povo negro pela afirmação da sua cultura e religiosidade e de como as elites ainda insistem em ignorar as leis e conquistas para a promoção da igualdade racial.</span></div><div style="text-align: -webkit-auto;"><br class="Apple-interchange-newline" /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEfWdLLUKKh0QUt8s3FcogJrpUXlRZytzaV5Gy6P4GrNK5nnVpDyTHJ61aaWx9pi3BvumyXevBxcYTZr2AfJorKtgHBboft-rcupwqHW7xgCkB2w8ZrefMtA2G_hAQlIuMaerq9HMXGMA/s1600/Professor+Bira.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEfWdLLUKKh0QUt8s3FcogJrpUXlRZytzaV5Gy6P4GrNK5nnVpDyTHJ61aaWx9pi3BvumyXevBxcYTZr2AfJorKtgHBboft-rcupwqHW7xgCkB2w8ZrefMtA2G_hAQlIuMaerq9HMXGMA/s400/Professor+Bira.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span style="color: #222222; font-family: Arial;">Ubiratan Castro recebe o Prêmio Luis Gama. Foto:</span><span style="color: #222222;">Vinicius Xavier</span></span><span style="color: #222222; font-family: Arial; font-size: xx-small;"> </span></td></tr>
</tbody></table>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-90187382169451426092012-04-26T17:28:00.005-03:002012-04-26T18:35:25.917-03:00Prefácio: O Leão e a Joia, de Wole Soyinka<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0On_WeiSmTyVAgQ8BvbFZKl1gsvQTgteIWBvwFCkzd5Cs269QoiHj-Z5GRcOV8F1ug3Wfa1ij8lkm8JtyIhqbLrdSuaRMcCTHGCCqG5KpnKIdeSJaMhZe1_D08MS9Ljyq-f_ckgQyVGM/s1600/CAPA+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0On_WeiSmTyVAgQ8BvbFZKl1gsvQTgteIWBvwFCkzd5Cs269QoiHj-Z5GRcOV8F1ug3Wfa1ij8lkm8JtyIhqbLrdSuaRMcCTHGCCqG5KpnKIdeSJaMhZe1_D08MS9Ljyq-f_ckgQyVGM/s320/CAPA+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA.jpg" width="215" /></a></div><div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;"><div style="text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que aconteceu em Brasília, entre 14 e 23 de abril, foi marcada pelo lançamento da obra “O Leão e a Joia”, do poeta, escritor e dramaturgo nigeriano Wole Soynka, primeiro africano a receber o Prêmio Nobel da Literatura. Trata-se de um roteiro teatral sobre um triângulo amoroso em uma tribo iorubá, pano de fundo para o autor debater os conflitos entre a manutenção das tradições culturais africanas e as influências da contemporaneidade.</span></div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A primeira edição nacional de uma obra do combativo escritor tem tradução de William Lagos e prefácio do historiador Ubiratan Castro de Araújo, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Abaixo, íntegra do prefácio de O Leão e a Jóia (Editora Geração, 168 págs.):</span></div></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Wole Soyinka</span></b></div><div style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .5pt; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;"><div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 0cm 1.0pt 0cm; padding: 0cm;"><b><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">O Leão e a Joia</span></b></div></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Prefácio</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Para o leitor brasileiro é uma festa a primeira edição em língua portuguesa do escritor nigeriano Wole Soyinka. Além da excelência de sua literatura, reconhecida com a concessão de um Prêmio Nobel, ele é um dos mais importantes intelectuais no processo contemporâneo de renascimento africano, principalmente por sua atuação cidadã em seu país, a Nigéria, contra o militarismo e o autoritarismo, tristes legados da ocupação colonial. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">A obra escolhida, O LEÃO E A JOIA, é um exemplo de como um intelectual, a partir de seu texto literário, pode pensar e atuar no processo de reconstrução cultural e política do seu país. Trata-se de uma obra africana na sua forma e no seu conteúdo. A apresentação em forma de uma peça de teatro permite que o texto literário tenha o suporte da linguagem cênica da música, da dança, da mímica e dos tambores. Dentro da cultura Iorubá é como uma apresentação das Gueledés, nas feiras nigerianas, fazendo a crítica dos costumes através a representação teatral. É o que os italianos chamam de <i>Ridendo castigat mores. </i>Após cada sequência de diálogos, é na performance dos atores que se reflete sobre a temática e se define a continuidade do texto. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">O conteúdo desta peça de teatro refere-se a uma temática fundamental para os países africanos contemporâneos que é a superação de um período pós-colonial, no qual foram mantidas as estruturas coloniais, antes dirigidas pelos brancos europeus, agora por elites africanas, que incorporaram os comportamentos dos antigos colonizadores. Nas décadas que se seguiram às independências africanas proliferaram-se na África generais ditadores, imperadores sanguinários e autoritários de toda a ordem. Todos eles se comportavam como colonizadores do seu próprio povo. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsYNlpbwv0KemEK-KLv3BFN8txNOUNA5v0HYJIepQJ11HQ3ryGmmA4fI7LJLY3L9fV-xCN3tk9UxOwV0qwvAAt3zu7csEMB4hvslfIfUYoYDqP9kD2pzWsxGKWzNoYJxe4isXG2nb13LM/s1600/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA+2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsYNlpbwv0KemEK-KLv3BFN8txNOUNA5v0HYJIepQJ11HQ3ryGmmA4fI7LJLY3L9fV-xCN3tk9UxOwV0qwvAAt3zu7csEMB4hvslfIfUYoYDqP9kD2pzWsxGKWzNoYJxe4isXG2nb13LM/s320/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA+2.jpg" width="320" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqoLWpaydYqa50Qw9kt7URPnVw6sPVQIhiAiKExbDG4pfrAgL-HU9blnlb-hplGUZgl4vT3MGWpyW9oP6t1q0SEnDhE6YEGmyQYzjIc9t8y3sBOwoViawgs1i0m5ToADbldGttiw-EK0/s1600/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">O LEÃO E A JOIA é uma fábula contemporânea que tem como cenário a pequena aldeia de Iluijinle, no país Iorubá, onde a bela Sidi, a jóia, recebe propostas de casamento e escolhe o seu parceiro. Ela representa a cultura ancestral iorubá, assediada por um jovem professor primário Lakunle, treinado nos saberes ocidentais, disposto a erradicar a tradição em nome de uma europeização dos costumes. Um terceiro personagem é Baroka, o bale da aldeia, chefe tradicional e poderoso, que pretende, através do casamento com a bela jóia manter o seu prestígio e poder, bem como perenizar a sua linhagem de leão da mata. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Na trama que se desenvolve ao longo da peça teatral, o autor explora com fino humor as situações de conflito, dentro das referências da cultura aldeã ioruba. O jovem professor modernizador não consegue convencer sua amada das vantagens da ruptura com a tradição e passa a ser visto por ela e pelos outros aldeãos como portador de saberes inúteis, como um fraco, como um estrangeiro. O velho Baroka, aos 62 anos, joga toda uma sabedoria ancestral para seduzir Sidi. Ele mesmo faz circular a falsa notícia de sua impotência sexual para depois convencer sua pretendida que o casamento com ela era uma prova para toda a aldeia da virilidade do velho leão, condição fundamental para a manutenção do seu poder e da continuidade da cultura tradicional. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Um outro sistema de conflito nas sociedades tradicionais africanas é a questão de gênero. Cada vez mais as mulheres africanas vem ocupando espaços culturais e espaços de poder, inclusive com o recebimento de vários prêmios Nobel da Paz. Nesta fábula, a bela Sidi está disposta a reproduzir a tradição mas não se conforma com um papel passivo no harém do bale Baroka. Sua grande aliada é a experiente Sadiku, primeira mulher do chefe local, que conhece todas as suas fraquezas e passa para a futura esposa do seu marido, a convicção de que as mulheres são mais fortes do que os homens, até porque elas são responsáveis pela virilidade deles e pelo futuro de suas linhagens. Assim entendemos que Sidi escolheu ser modernizadora da tradição e não sua destruidora.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Voltando à história contemporânea africana, podemos ler esta belíssima fábula “O Leão e a Joia” como uma busca de alternativa para as sociedades africanas no pós-colonialismo. A simples substituição de brancos por negros nas mesmas estruturas de poder colonial fracassou. A simples manutenção das culturas tradicionais não responde mais aos desafios da África contemporânea. A escolha de Sidi pode ser a saída para a incorporação de novos personagens sociais (a mulher, por exemplo) em processos de modernização que respeitem as identidades tradicionais. Talvez este seja o verdadeiro sentido do “renascimento africano”.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><i><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Ubiratan Castro de Araújo</span></i><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqoLWpaydYqa50Qw9kt7URPnVw6sPVQIhiAiKExbDG4pfrAgL-HU9blnlb-hplGUZgl4vT3MGWpyW9oP6t1q0SEnDhE6YEGmyQYzjIc9t8y3sBOwoViawgs1i0m5ToADbldGttiw-EK0/s1600/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqoLWpaydYqa50Qw9kt7URPnVw6sPVQIhiAiKExbDG4pfrAgL-HU9blnlb-hplGUZgl4vT3MGWpyW9oP6t1q0SEnDhE6YEGmyQYzjIc9t8y3sBOwoViawgs1i0m5ToADbldGttiw-EK0/s320/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA.jpg" width="320" /></a><i><span style="font-family: Georgia; font-size: 14pt; line-height: 115%;"> </span></i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsYNlpbwv0KemEK-KLv3BFN8txNOUNA5v0HYJIepQJ11HQ3ryGmmA4fI7LJLY3L9fV-xCN3tk9UxOwV0qwvAAt3zu7csEMB4hvslfIfUYoYDqP9kD2pzWsxGKWzNoYJxe4isXG2nb13LM/s1600/PE%C3%87A+-+O+LE%C3%83O+E+A+JOIA+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a></div><br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-16078997239605496612012-04-24T14:38:00.005-03:002012-04-24T14:38:46.699-03:00Velhas práticas, novos tempos<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Tahoma;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A imprensa tem veiculado a insatisfação
dos mais variados segmentos sociais com o desarranjo da administração
municipal, sob a responsabilidade do prefeito João Henrique. Neste debate, as oposições
ao Governador Wagner têm buscado a responsabilização do governador pelos
desacertos do prefeito. É uma manobra desajeitada antecipar a campanha
eleitoral estadual de 2014. Não é justo queimar 2 anos de trabalho do
governador. Até a Copa do mundo, muita água rolará embaixo da ponte. Mais do
que uma impropriedade política, este movimento ressuscita uma velha pratica dos
tempos da ditadura, que foi a subordinação da política municipal em favor dos
governos estaduais e federal. Com o advento do golpe militar de 1964, ainda aos
15 anos de idade, o que mais me impressionou foi a extinção das eleições para
prefeito nas capitais estaduais, bem como a supressão dos subsídios dos
vereadores. A sucessão de prefeitos biônicos não mostrou nada de melhor do que
os prefeitos da minha infância:Hélio Machado, Heitor Dias e Virgildásio. Consolidou-se
a concentração de poderes no governo do Estado em detrimento do prefeito da
capital. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A redemocratização trouxe consigo a
retomada do pacto federativo e o maior respeito às gestões municipais. Negociar
com as prefeituras, sim; apoiar prefeituras também; interferir nas
administrações municipais, nunca. Esse tem sido o comportamento do Governador
Wagner nestes 6 anos de governo. O Sr. Prefeito bem que tentou jogar com a
sobrevivência de velhas práticas e a emergência de novos tempos, sempre de olho
na opinião pública. No primeiro mandato do governador, a PMS encolheu-se,
sumiu, em todos os problemas relativos ao Pelourinho, como se este não fosse o
“centro da cidade”. Todos os ônus para a administração estadual. Quanto ao
Carnaval, internacionalmente famoso e produtor de grandes retornos, a PMS
jamais abriu mão do controle do Carnaval. Mais recentemente o Prefeito João
Henrique tentou monopolizar as decisões sobre a preparação da cidade para a
copa 2014. Insistiu o quanto pode em um modelo de mobilidade urbana centrado no
chamado BRM (ônibus rápido) em oposição à proposta do governador do grande
metrô de superfície. A birra foi tal que o Prefeito viajou para Madri só para
não assinar o convênio com o governo do Estado! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Governador
e Prefeito não rezam na mesma cartilha. São administrações diferentes, cada uma
com a sua temporalidade, com orientações políticas diferentes e conflitantes.
Que cada um assuma as suas responsabilidades. Os problemas da gestão municipal
resultam das decisões do seu próprio gestor.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Estas divergências acentuam-se no segundo mandato do prefeito João
Henrique. Na campanha eleitoral, o prefeito comportou-se como se estivesse
sendo traído pelos aliados que tinham fornecido os quadros que sustentaram o
seu primeiro mandato. Brigou com o PT, com o PCdoB, com o PDT, jogou-se nos
braços do PMDB, para logo em seguida repudiá-lo. Parece que o prefeito entendeu
sua reeleição como uma vitória individual. Segundo a sabedoria popular, a
reeleição “subiu para a cabeça do prefeito”. Enveredou por uma espécie
populismo personalista. Diriam os psicólogos leigos que ele passou a apresentar
os sintomas de “delírio de ascensão” e em seguida de “vertigem de apogeu”. Foi
buscar na periferia de Salvador um político derrotado no seu município,
entronizado como uma espécie de 1º ministro, já candidato à sua sucessão. O que
foi ruim para Lauro de Freitas seria bom para Salvador?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O partido que ele escolheu não tem quadros
experimentados para assegurar uma boa administração municipal. Às vésperas da
Copa do mundo não basta caiar os meio-fios ou dar banhos de luz. O grande
desafio nesta eleição municipal é a escolha de uma nova equipe capaz de dar um
choque de gestão na Prefeitura Municipal de Salvador. Esperemos para ver quais
as propostas de gestão e de equipe que serão apresentadas pelos
candidatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma;"><span>Publicado no jornal Tribuna da Bahia, em 09 de abril de 2012. </span></span></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-2553717997297435892011-11-18T11:05:00.000-02:002013-01-09T11:06:00.956-03:00Quase feliz<br /><br />Dia 1º de novembro, de madrugada, a TV anunciou a vitória de Dilma Rousseff. Mergulhei em um estado feliz dos meus 12 anos. Como eu era orgulhoso de ser brasileiro. Ainda me lembro do 29 de junho de 1958, Dia de São Pedro. Estava no Pero Vaz, com minha mãe, em visita a uns primos. Na casa vizinha, um rádio berrava o narrador da Rádio Tupi, em ondas curtas. Ouvia-se muito a algazarra dos ouvintes, entremeada pelos gritos longos e gargarejados de gol: gol do Brasil! Os foguetes de flecha rasgavam o ar. Os balões subiram. A maioria verde-amarela, e alguns coloridos carregando uma bandeira brasileira que tremulava pendurada na cestinha. Chegando em casa, encontrei meu pai colado no rádio. Nunca vi o velho tão feliz. Militar reformado, kardecista praticante, não fumava nem bebia, mas parecia estar cheio de Ron Merino, bêbado de alegria. Exclamava: não ganhamos no Maracanã (1950), mas fomos ganhar na Suécia.<br /><br />Para os meninos como eu, era um orgulho encostar em um FNM, aquele mastodonte que povoava a Rio-Bahia, com a reverência de quem tocava em uma locomotiva da Leste. Era um caminhão brasileiro. Festejávamos os estridentes DKW-Vemag, as Vemaguetes, as Rural-Willis e os espetaculares Fuscas. Era a indústria nacional. Juca Chaves debochava do Presidente JK, o Presidente Bossa Nova! Jovial, bom vivant, namorador, viciado em avião, construía a mais moderna e bonita capital do mundo. Talvez por isso, associava o presidente e sua política à bossa-nova de João Gilberto e de Elizete Cardoso. Esses eram anos dourados.<br /><br />Na política, JK era um democrata. Levava com pouco fogo a golpista UDN, o virulento Carlos Lacerda, e os amotinados da Aeronáutica. Seu trunfo era o Ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott. No meu entendimento de criança, não entendi a derrota da chapa Lott/Jango. Lott representava a garantia da ordem democrática e Jango trazia o apoio dos trabalhistas às reformas. O povo não quis assim. Elegeu a chapa Jan/Jan. Um desastre. Só depois tive a resposta em uma música do meu ministro Gil: o povo sabe o que quer, mas o povo também quer o que não sabe! Todos nos lembramos do filme triste. O Brasil desceu a ladeira até o golpe de 64.<br /><br />Aos 62 anos, igualmente feliz, não tenho mais o direito à inocência. A vitória de Dilma traz também apreensões. Fiquei assustado com a virulência da campanha movida nas estradas não policiadas da Internet. Saídos dos porões da ditadura, os torturadores vieram a público acusar a torturada de assassina. Saiu do baú um anticomunismo do tempo da guerra fria. Falou-se até em uma virtual Ursal, União das Repúblicas Socialistas da América Latina, formada pelo Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina e Cuba. Fundamentalistas católicos e pentecostais ressuscitaram o Padre Peyton e a marcha da família pela propriedade. Até o Papa, chefe de um outro estado, o Vaticano, deu declarações contra o aborto, na antevéspera da eleição. Tudo isso em proveito da candidatura de um ex-presidente da UNE, exilado pela ditadura, ex-militante da Ação Popular, que por ambição eleitoral aceitou estes apoios, e ainda apregoa ser o paladino da ética. Por tudo isso, não posso dizer que estou simplesmente feliz. Estou quase feliz.<br /><br />Não basta aos cidadãos eleger Dilma. É imperativo garantir-lhe a governabilidade. Ela é o marechal Lott de Lula. Ao mesmo tempo em que deve ampliar e aprofundar o processo de desenvolvimento econômico, com distribuição de renda e com inclusão social, deve igualmente usar de toda a autoridade (e não de autoritarismo) para assegurar as liberdades individuais, a estabilidade econômica, o Estado de Direito e a ordem pública. Ela deverá ser suficientemente forte para governar segundo o mandato que recebeu das urnas, sem se abalar com as intrigas dos udenistas de sempre, com o sensacionalismo de uma imprensa conservadora, nem com a maledicência da Internet. Tampouco deverá atrelar o seu governo aos gritos radicais das ruas e dos campos. Será preciso pulso firme para resistir às provocações e às tentações, pelo bem do Brasil. Que o Misericordioso Senhor do Bonfim dê vida, saúde e coragem para a nossa presidente. Que assim seja, axé!<br /><br /><br />Ubiratan Castro de Araújo – Integrante da Academia de Letras da Bahia e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SEC<div>
<br />Publicado pelo jornal A Tarde – em 18 de novembro, 2010.</div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-66876895730020805472011-10-20T11:08:00.000-02:002013-01-09T11:09:06.019-03:00Gendarmeria, uma proposta demagógicaAfirma-se correntemente que a história não se repete. Mas isso só vale aos que estão atentos para as lições do passado.<br /> <br />No longínquo 1889, logo após a Abolição, os monarquistas tentaram preparar o que seria o Terceiro Reinado, com Isabel imperatriz e Gastón d'Orleans, marido dela, como verdadeiro regente. Fez parte do plano divulgar o mito da abolição concedida graciosamente pela princesa, para mobilizar o apoio da população negra em favor do futuro regime. Fazia também parte do projeto a desmobilização do Exército brasileiro, prestigiado após a vitória sobre o Paraguai, que se negava à subserviência perante o regime imperial. O Império passou a negar recursos para o Exército e a liberar recursos para o aparelhamento de corpos de polícia provinciais.<br /> <br />O próprio genro do imperador circulou pelo Brasil, a negociar com os potentados regionais a reativação da Guarda Nacional, também chamada de Guarda Não sois Nada, pela venda de patentes para civis (de onde vêm os "coronéis" do sertão) e com a promessa de distribuição de armas para as tropas de jagunços. Tudo para reduzir o Exército à expressão mínima. A reação desta instituição foi fulminante. Do marechal Deodoro, que era monarquista, até o mais simples praça, levantaram-se todos, depuseram Pedro II e proclamaram a República.<br /> <br />Na campanha eleitoral de 2010, o candidato do PSDB tirou da cartola uma fórmula mágica para combater o tráfico de drogas. Propõe a criação de um ministério da segurança pública, quando constitucionalmente esta é uma competência dos estados federados e, pior ainda, propõe a criação de uma outra força terrestre federal, chamada de Gendarmeria ou Guarda Nacional para a missão da guarda das fronteiras brasileiras, uma missão constitucional das Forças Armadas. Por que então usurpar funções de instituições nacionais legalmente constituídas? Logo agora que as Forças Armadas brasileiras, depois da redemocratização e da anistia geral, dão um exemplo de observância estrita do seu papel de defesa do nosso território. Também este é um momento em que o presidente Lula desencadeia um processo amplo de reaparelhamento tecnológico das forças militares, de modo que elas possam no futuro desempenhar papel de escudo das riquezas e do desenvolvimento do Brasil.<br /> <br />Por outro lado, para a manutenção da ordem interna, cada Estado federado mantém uma Polícia Militar, para as quais se desenvolve uma política de requalificação e de limpeza dos maus policiais. Por esta proposta dos tucanos, todas as PMs do Brasil são condenadas como inoperantes ou impotentes? Vale lembrar que em outros países onde há uma Gendarmerie, como é o caso da França, o Estado é unitário e portanto não há Federação! Nos Estados Unidos há uma Guarda Nacional, mas lá também os estados federados mantêm polícias civis e não polícias militares. O que propõe o candidato tucano, a extinção das polícias militares estaduais? Além de provocar injustificadamente os brios destas corporações federais e estaduais, o candidato em questão promete criar mais um cabide de empregos, novos cargos, salários, equipamentos e instalações para uma nova força que deverá fazer o mesmo que já fazem as existentes. É mais sensato torná-las ainda mais operacionais com o reforço da Polícia Federal, com o aperfeiçoamento tecnológico das Forças Armadas federais, com a expansão da Força Nacional composta por oficiais e praças das PMs, e, acima de tudo, com uma significativa melhoria salarial de todos os militares.<br /> <br />Esta infeliz proposta não passa de demagogia eleitoral, que nos leva ao risco de uma instabilidade institucional, logo agora, quando o Brasil vive um momento de paz, de crescimento econômico e de inclusão social. Afinal, não acreditamos que o combate ao crime organizado, que atua internacionalmente em rede graças ao manuseio de moderna tecnologia de informação, possa ser efetivo com o simples inchaço da burocracia de Estado, seja com a criação de um novo ministério, seja com a criação de uma Guarda Nacional. Precisamos, sim, de mais inteligência e de mais agilidade das instituições de segurança existentes.<br /> <br />Ubiratan Castro de Araújo<div>
Integrante da Academia de Letras da Bahia e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SEC<br /><br />Publicado pelo Jornal A Tarde – 20 de outubro, 2010.</div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-67193515938400390892011-09-02T11:06:00.000-03:002013-01-09T11:07:24.017-03:00Pelas mulheres<br /><br />Em tempos de eleição, o tema da violência ocupa todas as manchetes. Os indicadores de violência são apresentados sempre em bloco, o que provoca a apreensão de todos. A responsabilidade é sempre atribuída aos governos, que decerto têm a obrigação de manter a ordem, mas que não são onipresentes. O melhor seria identificar os vários tipos de violência para entender os condicionantes de cada um. Um dos tipos de violência que vêm escandalizando o nosso País é a violência praticada por homens contra mulheres, no ambiente familiar e fora dele.<br /><br />Nos últimos anos, tem aumentado o número, os requintes de crueldade e a banalização desses crimes, de modo que o cidadão comum tende a acostumar-se com eles. É o espetáculo do mundo cão. O homem recusase a pagar pensão alimentar e manda esquartejar, desossar e dar sumiço no corpo da mulher; o namorado recusa-se a aceitar o fim de um namoro e sequestra uma jovem, mobiliza a imprensa durante dias e por fim a executa impiedosamente em frente às câmeras de televisão; um velho resolve ter ciúmes de sua mulher há 30 anos e a picota com uma foice na frente dos filhos. Estes são apenas alguns exemplos mais recentes.<br /><br />Nosso primeiro desafio é tentar entender o agravamento desse fenômeno, neste momento, no Brasil. Certamente que há milênios que homens espancam, violentam e matam mulheres. Mas a história nos mostra que esses tempos já estão sendo superados pela luta feminina por emancipação e por igualdade, bem como por novas condições de inclusão social, política e econômica das mulheres na vida social. Já não vivemos mais no século XIX, em que o deputado liberal baiano Domingos Borges de Barros proclamava que era preciso acabar com duas escravidões no Brasil: a dos negros e a das mulheres! A pergunta que se impõe é por que a violência contra as mulheres não diminui sensivelmente na mesma proporção dos avanços democráticos? Tendo a buscar na História da Bahia no século XVII algumas pistas. Em sociedades profundamente desiguais, a violência é uma prática de afirmação de privilégios e de supremacias de cada grupo social contra os demais grupos que lhe são imediatamente contíguos. Naquela Bahia do século XVIII, além da violência estrutural dos senhores contra os escravos, grassava a violência de homens livres pobres contra escravos, a violência de crioulos (negros brasileiros) contra africanos, havia mesmo a violência de escravos de senhores mais ricos e poderosos contra outros escravos de senhores menos ricos e menos importantes. Naquele tempo, como hoje, aumentava a violência em conjunturas em que os privilégios e supremacias são ameaçados.<br /><br />No momento em que estamos construindo uma sociedade que tende para a igualdade entre homens e mulheres, antigos beneficiários do poder masculino, inconformados com a cidadania feminina, tentam pela violência privada reafirmar os seus próprios privilégios.<br /><br />O que fazer? Esta é uma questão só do Estado?Arepressão exemplar dos criminosos e a proteção das vítimas são fundamentais, mas não é tudo. É preciso que os homens democratas levantem sua voz para dizer aos recalcitrantes que o prestígio e o poder em um Brasil contemporâneo não mais balançam no apêndice viril de cada um. Homens e mulheres disputam igualmente, segundo regras que levam em conta a capacidade de trabalho, a inteligência e o procedimento de cada um e de cada uma. É também preciso dizer aos machões moribundos que nós homens somos mais felizes com mulheres livres, realizadas e cidadãs.<br /><br />A sociedade também tem sua palavra a dizer. Todos nós devemos apoiar firmemente o processo de promoção da igualdade entre homens e mulheres demodoa não deixar aos inconformados a ilusão de que é possível freá-lo pela violência. Em um momento eleitoral, em vez de culpar o governo, devemos aumentar a presença de mulheres em espaços de poder, de modo que elas próprias possam contribuir para a consolidação da cidadania plena, geral e irrestrita.<br /><br />Podemos, sim, conclamar a todos: não cometam nenhuma violência contra as mulheres, não batam nem matem suas companheiras, pelo contrário, votem nelas.<br /><br /> <br />Ubiratan Castro de Araújo<div>
Integrante da Academia de Letras da Bahia e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SEC ubiratancastrodearaujo@gmail.com<br /><br /><br />Publicado pelo Jornal A Tarde - em 02 de setembro, 2010.</div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-27214862513064135922011-08-19T11:12:00.000-03:002013-01-09T11:12:45.465-03:00O valhacouto de oligarcas<br /><br />O Dr. Plínio de Arruda Sampaio foi longe em sua indignação de católico Pio XII. Com esta expressão - valhacouto de oligarcas -, ele sentenciou o Senado Federal à pena de extinção. Refúgio de velhacos é muito forte, mas em época eleitoral faz parte da grandiloquência do PSOL. O fato é que, na última legislatura, o Senado Federal protagonizou alguns escândalos que comprometeram o seu conceito popular. A situação é mais delicada porque o Senado é a câmara revisora em um sistema bicameral.<br /><br />Por definição, ela é a câmara onde sentam os mais velhos e mais experientes, com a missão de corrigir os radicalismos da Câmara dos Deputados, onde sentam os mais jovens, mais aguerridos, e representantes dos vários interesses particulares na República. Esta é a própria origem do Senado moderno, a Câmara dos Lords na Inglaterra, cuja missão é frear a Câmara dos Comuns, a verdadeira assembleia popular.<br /><br />Os americanos, republicanos sem nobreza, fizeram do Senado o local dos "pais da pátria", com funções semelhantes aos Lords ingleses.<br /><br />Acrescentaram-lhe, no entanto,como função específica, a representação dos interesses dos estados federados. Para eles, esta é a câmara que deve zelar pelo equilíbrio da Federação, independente da expressão demográfica de cada Estado, o que se expressa na composição proporcional da Câmara dos Deputados.<br /><br />O Brasil segue esta tradição americana.<br /><br />Por isso o Senado não é apenas o local político dos mais velhos e dos mais conservadores, mas o local onde se representam os interesses majoritários dos estados-membros.<br /><br />Os mandatos duram o dobro, oito anos, e a eleição é majoritária, ou seja, um número fixo e igual para todos os estados federados.<br /><br />Por isso é da natureza dos senadores pensarem solidariamente com os seus governadores e menos com a sua base eleitoral.<br /><br />Por isso, voto para o Senado não pode estar dissociado do voto no governador do Estado.<br /><br />Para governar, ele precisará de uma presença atuante e alinhada na câmara alta.<br /><br /> <br />Ubiratan Castro de Araújo<div>
Integrante da Academia de Letras da Bahia e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SEC <a href="mailto:ubiratancastrodearaujo@gmail.com">ubiratancastrodearaujo@gmail.com</a><br /> <br /><br />Publicado no Jornal A Tarde - em 19 de agosto, 2010.</div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-5021496632102208862011-05-18T13:07:00.000-03:002011-05-18T13:14:49.449-03:00Brasil, Africa do Sul e BRICS<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;"><i><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Ubiratan Castro de Araújo*</span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Sua Excelência, Senador Fernando Collor de Melo</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Brasileiro;</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Senhores Senadores,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Agradeço a oportunidade de poder contribuir para o debate parlamentar sobre a política externa do Brasil, muito especialmente sobre a consolidação de um bloco de países emergentes, cuja afirmação representa um importante contraponto à centralidade dos chamados países ricos que compõem o grupo dos países mais ricos do mundo, também chamado de G7. Minha modesta contribuição diz respeito à especialidade da relação bilateral entre o Brasil e a África do Sul, liderança reconhecida na articulação da política continental africana. Ela se fundamenta na experiência acumulada durante 4 anos(2003-2oo7) em que tive a honra de presidir a Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura, que desempenhou um papel auxiliar ao Ministério das Relações Exteriores, em matéria de política africana.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><b><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">I-Introdução.</span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Minhas primeiras palavras serão para afirmar a importância <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do paradigma contemporâneo da complexidade na análise da política internacional. Superada a polaridade estabelecida após a 2ª Guerra Mundial, que impôs o alinhamento automático das nações em dois estados antagônicos, EEUU e União <u>S</u>oviética, a ordem econômica e a governança mundial, passou a vigorar um complexo sistema de blocos concorrentes, não exclusivos, que se constituem em novos lócus de interesses políticos, econômicos, culturais e identitários. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">No caso do Brasil, deixamos de fazer parte de um conjunto de países subdesenvolvidos, subordinados a um império informal norte-americano. A afirmação de nossa soberania efetiva-se pela adesão brasileira a vários círculos de articulação regional, em função de interesses particulares. Participamos ativamente da ampliação do chamado G20, para fazer valer os interesses dos países localizados no eixo Sul-Sul; participamos igualmente do MERCOSUL; participamos da articulação dos países da América do Sul; compomos a CPLP, com países de 4 continentes de língua oficial portuguesa; participamos da concertação intitulada IBAS, que nos reúne a duas potencias que representam o eixo Sul-Sul, a Índia, o Brasil e a África do Sul. Mais recentemente criou-se, a partir do Gordon Banks, o conceito do BRIC, Brasil, Rússia, Índia e China, incluída posteriormente a África do Sul, como um fórum de países emergentes, com interesses semelhantes na economia e na governança mundiais. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Este novo bloco regional não reflete nenhuma história especial de cooperação, nenhuma herança cultural comum, tampouco qualquer identidade política dos países que dele participam. A convergência é de interesses conjunturais na negociação da governança mundial. Interessa a todos a regulação do comércio mundial, a circulação de capitais, a representação nos fóruns internacionais de decisão. Evidentemente que a própria dinâmica deste agrupamento desde 2006, com a 1ª reunião de Chanceleres do BRIC, pode constituir no futuro uma aliança mais estável do que uma simples plataforma de reivindicações. Para tanto, é necessário levar em consideração as relações bilaterais entre os países participantes. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Cabe-me destacar as relações entre o Brasil e a África do Sul, no interior deste novo bloco de cooperação internacional, que se orientam, para além de interesses conjunturais, por uma herança cultural comum e pelos imperativos de uma geopolítica do Atlântico Sul. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i><b>II-A nova política externa brasileira na era Lula/Celso Amorim</b>.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">A nova política africana desenvolvida no governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva a partir do seu primeiro mandato em 2003, orienta-se pela afirmação dos princípios de uma política externa independente em um mundo interdependente, com a inclusão em todas as instancias decisórias dos países do eixo Sul-Sul, ou seja, aqueles que não integram o restrito grupo dos chamados países ricos<i>. </i></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Naturalmente, a política externa para a África buscou a interlocução política com os países africanos, os mais excluídos dos fóruns de decisão internacionais. No entanto, as próprias variáveis da política internacional não explicam os avanços da política africana do Brasil. A política externa para a África foi a exportação da política interna de promoção da igualdade racial instituída desde 2003, largamente negociada com o movimento negro brasileiro. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">A conexão Brasil – África é um componente central das convicções reafirmadas pelos militantes negros brasileiros. Proclamar a nossa ancestralidade africana significa rejeitar a escravidão como referência de nossa identidade. Somos portadores de uma herança cultural antiga, originária de grandes civilizações africanas. Como vários outros povos da humanidade fomos vítimas do cativeiro, resistimos, lutamos e vencemos a escravidão. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Outra característica da opinião pública favorável a uma política de fraternidade em relação à África é o consenso entre os cidadãos negros brasileiros sobre o panafricanismo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A própria dinâmica da escravidão fez com que os cativos oriundos das mais variadas nações africanas estivessem misturados sob o controle dos mesmos algozes nas terras americanas. Na Bahia, por exemplo, desenvolveu-se uma macro-identidade de “africanos”, uma espécie de grande guarda-chuvas que cobria todos os nascidos no continente africano. Exatamente por isso que o movimento do panafricanismo nasceu nas Américas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Graças a esta convicção, a atuação brasileira em todos os fóruns interafricanos é marcado pela busca da união em contraposição aos nacionalismos radicais e fratricidas. Isto ficou evidente na II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, realizada em Salvador, em 2006.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Amparada nesta ampla mobilização interna, a política africana do governo Lula apresentou resultados largamente positivos. Entre 2003 e 20911 foram abertas 20 embaixadas em África. No mesmo período o presidente da República visitou oficialmente 23 países africanos, ao passo que até então, nenhum presidente da República havia feito um visita oficial à África. Outro indicador importante foi o aumento do intercâmbio comercial entre o Brasil e a África de US$ 5 bilhões em 2002 para US$ 20,5 bilhões em 2010. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Outro compromisso de política interna que qualificou a presença diplomática brasileira em África foi a condenação de toda forma de racismo e colonialismo contra a África Negra e a adoção na prática de uma política de reparação do povo negro, continental e diaspórico, pelas seqüelas deixadas pela escravidão. Internamente, o governo brasileiro praticou uma política de ações afirmativas compensatórias. Externamente o próprio presidente proclamou o direito à reparação, pediu perdão em nome do Estado brasileiro (eu estava presente na Ilha de Gorée, no Senegal) e desenvolveu ações de reparação, tais como o perdão de dívidas externas de países africanos, o investimento em projetos de tecnologia agrícola e instalação de fábricas de remédios. Nenhum outro país americano implementou uma política desta qualidade. Não é sem motivo que o Presidente Wade, do Senegal, proclamou o Presidente Lula com o “Primeiro Presidente Negro do Brasil”.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A importância da África do Sul, parceira do BRICS, cresce pela liderança que exerce na África Negra, sobretudo sobre os países de língua oficial inglesa que compõem a <i>Comonwelth</i>. Isto se confirma pelo protagonismo da África do Sul na transformação da antiga OUA <personname productid="em Uni ̄o Africana" w:st="on">em União Africana</personname> e na formulação do NEPAD, grande plano continental de desenvolvimento. Do ponto de vista político, a África do Sul defende a idéia força que mobiliza todo o continente que é o “Renascimento Africano”. Por isso, agrupada no BRIC, a África do Sul é um parceiro privilegiado para a consolidação de uma política africana brasileira.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">O Brasil e a África e o futuro do Atlântico Sul.</span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Além da solidariedade povo a povo que nos une aos africanos, há também interesses nacionais brasileiros que devem ser beneficiadas por essa irmandade. Não há como fugir da Geopolítica.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Durante 3 séculos e meio de escravidão e tráfico de escravos, o Brasil e a África formavam um bloco econômico colonial. A África forneceu ao Brasil o capital humano responsável pelo sucesso da empresa colonial, pelo povoamento da terra e pela cultura que o diferenciou da metrópole portuguesa. Os historiadores mais consagrados da escravidão colonial são unânimes na qualificação deste Atlântico Negro como um sistema econômico. Luís Felipe Alencastro, professor na Sorbonne-Fr., afirma peremptoriamente:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Sem Angola não haveria Brasil! Após a escravidão, a recolonização européia da África pelas potências européias determinou o corte definitivo das relações de troca entre as duas margens do Atlântico Negro.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Uma das diretrizes da nova política africana do Brasil é o restabelecimento das comunicações com a África, por cima ou através do antigo Atlântico Negro. Para tanto, é necessário um Atlântico Sul em paz.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outra circunstância unilateral que recomenda a “Paz Sul-Atlântica” é a nova projeção da exploração econômica brasileira sobre as águas profundas do Atlântico, para além da antiga plataforma continental. O grande fato novo é a descoberta e o início efetivo da extração do petróleo no sub-solo Atlântico, o chamado “Pré Sal”. A tecnologia empregada, o dimensionamento das reservas e a expectativa de recursos financeiros para o Brasil, caracterizam o “Pré-Sal” como o novo “take off” capaz de tirar definitivamente o Brasil do rol dos países subdesenvolvidos. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">Basta olhar para um mapa do Atlântico Sul p0ara perceber que 80% da sua margem ocidental é ocupada pelo Brasil e a margem oriental é ocupada por mais de uma dezena de países, uns maiores, outros menores. Não é difícil antever a necessidade de estabilização da margem africana, de modo a prevenir turbulências que possam afetar a exploração petrolífera brasileira. Basta lembrar da instabilidade gerada na navegação do Índico pela anarquia decorrente da destruição do estado nacional na Somália.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia; mso-fareast-font-family: Gungsuh;">O sucesso do Pré-Sal exigirá certamente, além de um escudo de defesa a ser provido pelas frotas da nossa Marinha de Guerra, um escudo diplomático poderoso formado por relações de solidariedade entre o Brasil e todos os países da Costa D’África. A Diplomacia brasileira ostenta justamente o galardão de ter conseguido, ao longo de pouco mais de um século, estabilizar as fronteiras terrestres do Brasil. No futuro ela será desafiada a estabilizar esta fronteira atlântica, através ações bilaterais com cada país africano, assim como mediante a negociação em instâncias multilaterais como o BRIC. Não podemos negligenciar o papel que a China desempenhará em tais tratativas, pela sua presença comercial predominante em todos os países da Costa d”África.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia;">* Texto apresentado na Audiência Pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado Federal, Brasília, em 16 de maio de 2011. </span></div>Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3134515380175940492.post-19201986715554838302011-04-29T11:14:00.000-03:002013-01-09T11:15:11.490-03:00O Império Contra Ataca<br /><br />Como poderíamos entender a persistência do lema “Saudades de ACM”, inscrito nos automóveis e veiculado nos jornais e no rádio? Além do natural exorcismo, cabe-nos tentar entender as circunstâncias sociológicas desta permanência. A grande questão a ser compreendida é como é possível a sobrevivência de uma cultura política marcada pela extrema centralização e personalização do poder regional em uma sociedade caracterizada pela abertura de costumes, pelo cosmopolitismo, pela diversidade cultural e pela desconcentração econômica?<br /><br />Com o advento da República, consolidaram-se vários produtos de exportação, como fumo e charutos, café, carbonados, gado, sisal e o cacau, oriundos das mais diversas regiões do estado. Diferentemente do monolitismo imperial, dominado pela todo poderosa aristocracia sacarina do Recôncavo, a política republicana na Bahia caracterizou-se pela instabilidade das alianças e pela grande competição entre lideranças. Foi o que o senador catarinense Lauro Muller caricaturou: -Na política baiana todos são unanimemente divergentes!.<br /><br />Registramos então a ascensão de governadores fortes, espécie de imperadores temporários, que constituíram os vários “ismos” da Bahia, Severinismo, Seabrismo, Juracisismo e Carlismo, sucedidos por governadores negociadores, como Antonio Moniz na Primeira República; Otávio Mangabeira e Antonio Balbino após 1945; e mais recentemente Valdir Pires e Jaques Wagner. Olhando para a história universal, a experiência política que mais se assemelha à baiana é o Bonapartismo. Em um quadro de extrema divergência e de equilíbrio de poder entre as elites francesas no tempo da Revolução, o General Bonaparte impôs a sua ditadura pessoal em nome dos interesses gerais da burguesia. Isto fizeram Seabra, Juraci e ACM na Bahia.<br /><br />A própria diversidade baiana fez implodir todos estes bonapartismos, de tal sorte que, na longa duração, de maneira intermitente, governadores negociadores intercalaram governos autoritários. Estes também experimentaram a fragilidade de alianças efêmeras em um sistema de elites historicamente divergentes. Nas eleições de 2010, estes modelos voltam a se enfrentar. De um lado, o governador Wagner, um negociador profissional, enfrenta um remanescente fracassado do bonapartismo, Paulo Souto e um candidato a Bonaparte III, o ministro Gedel Vieira Lima. Correndo por fora, com grandes chances de futuro está o herdeiro de ACM, o jovem Neto, que já começa a proclamar a sualegitimidade, pronto para aproveitar-se do menor erro do atual governador.<br /><br /><b>Será que é o destino da Bahia oscilar, qual um pêndulo, entre autoritarismo e negociação?</b><br /><br />Olhando para a história, percebemos que apesar da fragilidade das alianças engtre elites, consolidaram-se alguns sistemas políticos centralizados e estáveis. O primeiro exemplo a se considerar é o do Império Romano do Oriente, também chamado de Império Bizantino, que sobreviveu mil anos ao seu congênere de Roma, que sucumbiu diante da desagregação interna e da invasão dos bárbaros. Os imperadores de Constantinopla não descuidaram de toda a sorte de barganhas com seus nobres, mas estabeleceram uma aliança estável com as camadas populares, protegendo uma economia urbana e distribuindo terras com famílias camponesas. Isso lhes garantiu impostos e soldados para a manutenção do império. Outro exemplo mais próximo do Brasil é a experiência do pequeno Reino de Portugal, a partir do século XIV, que se constituiu como o primeiro estado nacional unificado da Europa, negociando com os fidalgos, mas estabelecendo uma relação direta com os “miúdos”: pescadores, marinheiros, comerciantes, artesãos, organizados nos conselhos municipais. Isto possibilitou aos reis portugueses empreenderem o grande projeto nacional dos Descobrimentos,podendo contar com soldados, com marinheiros e com impostos municipais.<br /><br />A História não dita lições mas dá exemplos para a reflexão. Se o governador Wagner não quiser ser mais um negociador a ser substituído por um Bonaparte, que se inspire em Justiniano e em D. João III e estabeleça uma aliança efetiva com todos os “miúdos” da Bahia.<br /><br /> <br />Ubiratan Castro de Araújo<div>
Integrante da Academia de Letras da Bahia e diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SEC</div>
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<br />Artigo publicado no dia 29 de abril de 2010, na página A2, do Jornal A TARDE</div>
Bira Gordohttp://www.blogger.com/profile/13106047549500963612noreply@blogger.com0